Futebol

"Abdicava do meu salário para garantir reforços para o GDB"

Publicado por . em Qui, 2017-11-23 10:37

Anthony Silva, treinador do Grupo Desportivo de Bragança, falou, em exclusivo, ao Mensageiro sobre o mau momento da equipa e antecipou "uma melhoria" nas próximas jornadas. Sem tabus, o técnico falou dos reforços, do potencial do Campeonato Distrital de Bragança e do futuro do clube (camadas jovens).
 
MB: Que balanço faz da temporada até ao momento?
AS:
Esta tem sido uma temporada atribulada em todos sentidos, para já pelo orçamento baixo, comparativamente a planteis do Bragança de épocas anteriores. É uma equipa completamente nova em relação ao ano passado, com uma média de idade muito baixa, com lesões graves de jogadores importantes que tinham qualidade de marcar diferença, como o Adão, o Fabio, o Lapa e o Zé Carlos, que já é um valor seguro deste plantel. Basta ver a foto do jogo de apresentação e o plantel de hoje: na altura tínhamos três jogadores à experiência e mais três jovens que foram emprestados ao Vimioso para adquirir ritmo. Jogadores como o Nixon e o Renato chegaram no último dia de agosto, tarde, e agora a chegada do Miguel Diz e do Colibaly, que está parado há quatro meses, além dos muitos lesionados. Assim ficamos com poucas opções, pouca competitividade, o que dificultava o trabalho diário. Já na altura tinha dito publicamente que íamos ter uma época complicada e difícil, muito mais depois de todas estas lesões. Contudo, temos trabalhado nos limites e a classificação não traduz aquilo que se tem passado dentro de campo. A equipa cria inúmeras oportunidades, no entanto, tem faltado critério no último terço.

MB: Há justificação para esta vaga de lesões?
AS:
Não há justificação nenhuma. 95% das lesões do plantel são traumáticas e isso ninguém consegue controlar. Está tudo a ser feito com pés e cabeça dentro das minhas ideias, pois são treinos muitos intensos e competitivos com os quais todos os jogadores se identificam e gostam. O que me preocupa, além das lesões, é que praticamente em todos os jogos já realizados tive que fazer adaptações. Por exemplo, o Capelo já jogou mais a defesa central do que na sua posição de origem. Sacrificamos assim vários jogadores em prol da equipa, o que sabemos que interfere sempre com as dinâmicas trabalhadas.

MB: Nos maus momentos, teve a humildade de assumir as culpas e colocar o seu lugar à disposição. Mas direcção e jogadores mostraram confiança em si. Como viu essa situação?
AS:
Eu não estou agarrado a nada. Sei o trabalho que faço e confio muito em mim. Encarei esta situação com orgulho e responsabilidade, mas também como sinal que sabem que o trabalho está a ser bem feito e que apesar dos resultados acreditam em mim. Há coisas que ninguém consegue controlar. Vou admitir que recusei uma proposta de um clube da I Liga Romena, onde iria com os meus adjuntos Tony Afonso e Pedrinha, e uma proposta de uma outra equipa da nossa serie. Recusei tudo isso para continuar aqui. Nós temos apresentado um futebol de qualidade, temos tido mais de 64% de posse de bola e temos criado várias oportunidades claras de golo, mas não temos tido a estrela da sorte a brilhar a nosso favor. Mas também temos de assumir as nossas responsabilidades com o grupo. Não caí no futebol de paraquedas. Ando neste mundo há 22 anos como profissional, onde tive privilegio de trabalhar com vários treinadores de renome num nível que me permite encarar as dificuldades ainda mais fortes. Antes do jogador está o homem e tenho um imenso orgulho neste grupo de trabalho, que apesar destas contrariedades está sempre confiante. Há dias mais difíceis que outros, mas tirando a 2.ª parte do jogo com o Arões, onde entregamos o ouro ao bandido, não lhe posso apontar nada a não ser desperdiçar tantas oportunidades.
 
(Entrevista completa disponível para assinantes ou na edição impressa)
 

 

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