Entrevista Bruno Faria

“Conseguimos tornar o Mãe d’Água uma referência no distrito de Bragança”

Publicado por António G. Rodrigues em Seg, 2013-07-15 14:18

Bruno Faria foi o presidente do FC Mãe d’Água, um dos clubes emblemáticos de Bragança ao longo dos últimos cinco anos.
Depois de ter sido jogador do clube durante vários anos, pegou no leme da instituição numa altura em que esta atravessava uma grave crise financeira e corria mesmo o risco de fechar portas. Em causa estava uma dívida superior aos cem mil euros, desconhecida por muitos, explicou Bruno Faria no último ato eleitoral, no final da primavera.
Este ano entregou a pasta a uma nova direção, até porque já deixou a cidade rumo a uma nova etapa da sua vida, em Inglaterra.
Mas aceitou fazer o balanço dos últimos cinco anos à frente de um dos mais emblemáticos clubes da região.

Mensageiro de Bragança: Que balanço faz dos cinco anos de mandato à frente do FC Mãe d’Água?
Bruno Faria: É um balanço extremamente positivo. Não deixamos o clube acabar e conseguimos torná-lo um referência no distrito.

MB.: Como encontrou o clube quando chegou?
BF.: Encontramos um clube falido. Um clube que não tinha credibilidade em lado nenhum e que estava muito próximo do fim.

MB.: Quais as maiores dificuldades que enfrentou?

BF.: Foram sem dúvida as questões financeiras. O clube estava sem dinheiro nenhum, devia em tudo quanto era canto e manter as portas abertas era quase um milagre. Depois eram as diferenças de tratamento que havia entre clubes da mesma cidade. Exemplo disso era que nós e o GDB participamos na III Divisão na época 2008/2009 e a verba que recebiam da Câmara era apenas o triplo daquela que recebia o Mãe d’Água!!!

MB.: Porque decidiu sair?
BF.: A minha vida pessoal mudou e naturalmente tive que sair. Além disso estes 5 anos à frente do clube foram extremamente desgastantes. Muitas dores de cabeça com problemas que não eram nossos e que juntamente com a minha equipa tivemos que resolver. Também para o bem clube é bom que haja uma direção nova que traga algo mais. Estavamos um pouco cansados e a entrar numa rotina que não era bom para o clube. Penso que uma nova direção dará um novo alento à estrutura.

MB.: Ao longo dos cinco anos, qual foi o momento mais difícil?
BF.: Apesar de todos os problemas que enfrentamos, penso mesmo que o momento mais difícil foi a decisão de sair. Criamos condições para o clube continuar, criamos amizades que jamais esqueceremos e tudo passou a ser uma família. Sem dúvida que o momento mais difícil foi a decisão que não iríamos continuar.

MB.: Qual o momento que mais orgulhoso o deixou?
BF.: Fazer parte do crescimento saudável de todos os atletas do clube durante estes 5 anos foi extremamente gratificante. No entanto esta época foi para mim a melhor de todas onde consegui que a equipa que treinava desde o primeiro dia fosse campeã. A alegria desses meninos com o titulo conquistado foi mesmo a cereja no topo do bolo por toda entrega!!!

MB.: Foi um erro a participação no último campeonato distrital de seniores?
BF.: Financeiramente foi. São muitas despesas para uma equipa competir. No entanto, e apesar da classificação, ficaram também muitas coisas boas do plantel sénior. Aquela equipa era uma autêntica família e eram os próprios jogadores a custear as despesas dos encontros com os árbitros e as deslocações. Só por mero azar não conseguimos algumas vitórias.

MB.: O que espera da nova direção?
BF.: Espero que tenha tanto ou mais sucesso do que nós. Lembro que o clube há cinco anos estava numa situação em que pouca gente lhe pegaria. É importante que a nova direção viva cada dia de forma motivadora e que siga no mínimo o caminho que está traçado. Durante os cinco anos vivemos praticamente todos os dias para o clube. Havia sempre algo para fazer. Nós vivemos em função do clube e não o clube em função de nós e é isso que espero da nova direção.

MB.: Poderá voltar um dia?
BF.: Dificilmente. A minha vida mudou de tal forma que não penso voltar tão cedo. Já fizemos o que tínhamos como direção. Ajudarei no que poder como a nova direção já sabe. Como se costuma dizer as pessoas passam os clubes ficam.

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