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O que é o tendão de Aquiles?

A infelicidade que se abateu sobre dois jogadores que participavam no Torneio da Função Pública de Bragança não é uma situação tão incomum como se possa, à primeira vista, pensar. Importa, pois, perceber que tipo de lesões são estas e quais as suas implicações.

Comecemos pelo início.

O Tendão de Aquiles situa-se na parte posterior da perna, mais propriamente na região acima do calcanhar, e tem como função ajudar na flexão plantar. Deve o seu nome à mitologia grega pois, segundo a lenda, era a única parte vulnerável do guerreira Aquiles, que conquistou Tróia. Apenas uma seta que o atingiu precisamente no calcanhar o travou.

Na realidade, o Tendão de Aquiles é uma das partes do corpo mais sujeita a lesões, principalmente durante a prática desportiva, devido ao grande esforço a que é sujeito, sobretudo em corrida.

As ruturas do Tendão de Aquiles, quando acontecem, podem ser parciais ou totais.

Na rutura parcial, o tendão, apesar de se romper, mantém a ligação entre o músculo e o osso. Por sua vez, na rutura total, o tendão fica completamente separado do osso, deixando de fazer ligação músculos/ osso. Neste último caso, a intervenção médico-cirúrgica deve ser imediata, pois quanto mais cedo o tendão for suturado, mais profícua será a sua recuperação.

Por norma, a rutura do Tendão de Aquiles é mais frequente nos indivíduos de sexo masculino entre os 30 e os 50 anos, e que não pratiquem exercício físico habitualmente. Quanto menos exercício se praticar, mais rígidos têm tendência a ficar os músculos e os tendões.

Os principais sintomas deste tipo de lesão passam pelo inchaço do tendão e a dor, que ocorre durante ou após a corrida, em repouso, ou em ambos os momentos, dependendo da intensidade;  a sensação de estalo ou rutura; o inchaço na parte de trás da perna, entre o calcanhar e os gémeos; e a dificuldade em caminhar e em levantar a ponta dos pés.

As opções de tratamento são várias e incluem, por exemplo, o tratamento não cirúrgico ou conservador, que é geralmente selecionado para ruturas parciais, ou em pacientes que se encontrem em situações médicas que impeçam a cirurgia. Este tipo de tratamento envolve a imobilização com tala gessada ou a ligadura funcional, no sentido de permitir a reestruturação do tendão.

Já o tratamento cirúrgico consiste na sutura dos topos rasgados do tendão. Após a cirurgia segue-se a imobilização com tala, bota ou ligadura funcional. A cirurgia, além de diminuir a probabilidade de uma recidiva da rutura, muitas vezes aumenta a resistência do paciente e melhora a função muscular e o movimento do tornozelo.

Tanto no tratamento cirúrgico como no não-cirúrgico , a Fisioterapia é uma componente essencial no processo de tratamento, tendo como base exercícios para melhoramento da flexibilidade, força e equilíbrio, massagem e mobilização dos tecidos moles e educação do paciente e plano de retorno gradual à atividade, que demora sempre alguns meses, dependendo da resposta de cada paciente.

 

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