A opinião de ...

A Grande Farra vai começar

Agora que já se preparam os disfarces, escolhem as máscaras e delineiam as estratégias para, como já se ouve por todos os cantos e esquinas, ganhar as grandes batalhas eleitorais que, qual bodo aos pobres, vai ser um fartote de oportunidades para os incontáveis milhares dessa gente que tem vivido e, de novo, tudo fará para continuar a viver à sombra do Orçamento, comecemos por consultar o Orçamento da Assembleia da República para o ano de 2019.
Não obstante já se saber que a A.R. é um autêntico sorvedouro de dinheiros públicos, como de resto, há muito tempo, um falhado aspirante a líder partidário, e que depois, no BP e no BCE, se passeou pelos meandros da mais alta finança, ipsis verbis ,disse “que a democracia tem custos”, ( ai não que não tem, dirão muitos dos portugueses!), mesmo assim, é difícil de explicar a enormidade dos números referidos na Resolução da A.R. Nº 306/2018, que publica o seu Orçamento para 2019. Pelas compreensíveis limitações de espaço, a título de exemplo, refiro apenas que a despesa orçamentada para 2019 é de 121.038.320, (cento e vinte e um milhões, trinta e oito mil trezentos e vinte euros), dos quais 111.319.502, (cento e onze milhões, trezentos e dezanove mil, quinhentos e dois euros!) são encargo direto do Estado e a diferença entre as duas verbas, (quase dez milhões de euros) porque as receitas próprias da A.R., para não as considerar ridículas, direi apenas que são irrelevantes, será também suportada pelo OGE, o mesmo que será dizer, pelo bolso dos contribuintes. Se, duma forma global, dividirmos o orçamento da A.R pelos 230 deputados que actualmente a compõem, chegamos à conclusão de que, através dos cofres do Estado, por ano e para cada saem dos nossos bolsos qualquer coisa como 526.253.12, quantia esta que, grosso modo, multiplicada pelos quatro anos duma legislatura, recompensa cada Sr. Deputado com a bem interessante quantia de 2.105.012.48 de euros. Sim, não há engano. São mesmo dois milhões, cento e cinco mil, doze euros e quarenta e oito cêntimos.
Para tornar um pouco mais sustentado este resultado, e aproximá-lo mais da realidade, tentei entrar em linha de conta com outras variáveis, dados que, lamentavelmente, não consegui coligir, tais como:
- A média do número de dias e de horas que cada deputado passa na Assembleia;
- A percentagem de deputados que não abrem a boca durante toda uma legislatura, limitando-se apenas a votar sim ou não, conforme lhes é imposto pela férrea disciplina partidária.
- Se, como em qualquer empresa bem organizada, a A.R tem o registo do tempo perdido em futilidades como pintar as unhas durante as sessões e banalidades congéneres, nem sequer se dando ao cuidado de resguardar-se da comunicação social, ou nas recorrentes ausências, que, tantas vezes, fazem com que o parlamento mais pareça um deserto ou um estádio de futebol em dia de jogo realizado à porta fechada;

(continua na próxima edição)

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