A opinião de ...

A INFÂNCIA DOS DIAS

Dias cheios como ovos. E o Natal à porta, e os cartões a avolumarem-se – a exigirem sincera ou circunstancial resposta –, e as prendas e… 

Por esta altura do ano, todos os anos, invariavelmente, desde que tenho consciência de mim, preciso de um grande dia a sós comigo mesmo. É de arrumação que se trata: apurar e valorizar o que importa e é verdade, secundarizar o acessório, cortar o que apenas é convenção. Viver por dentro, rente ao presépio. Ler os sinais do mistério em que andamos. Celebrar a presença daqueles a quem queremos bem (são isso, afinal, as prendas) e chamar para perto de nós os que partiram no seu pequeno navio.

 

É por dentro que estes dias têm sabor de Natal. Por dentro, na saudade dos que partiram, naqueles que pressentimos em partida e nos que, ainda a nossa lado, adiados, dons frágeis, nos continuam.

 

Um Natal com a luz e a medida dos sonhos de cada um.

 

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Quantas horas, dias, semanas, meses, anos, décadas se entregaram à “Bibliografia do Distrito de Bragança”? Ciclópico, tenaz, rigoroso, beneditino, generoso trabalho!

Por via de regra, criticamos na esperança de que nos tomem por inteligentes. Posso discordar de algumas opções metodológicas, mas sei que não há trabalho humano que seja perfeito, sobretudo quando em jogo estão monumentos para a posteridade. A imortalidade simbólica de Hirondino Fernandes está assegurada. Não terá sido isso a movê-lo, mas que fosse. Não o conheço. Estou-lhe imensamente grato. Apenas os IV volumes já publicados bastariam para justificar o meu apreço e gratidão. Toda a comunidade científica – a do distrito de Bragança em particular – todos aqueles que um dia se embrenharam nos labirintos da bibliografia, lhe estarão muito gratos. A Hirondino Fernandes e a quantos tornaram possível a edição deste trabalho. É deste grão que se faz pão. É desta matéria que se faz o novo, se empreendem revisões e tornam ridículos tantos jogos florais de investigação.

 

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A Igreja vai questionando a sua forma de lidar com o que se chama Comunicação Social. Faz bem. O púlpito é imenso e incontáveis  os auditores, sejam eles atentos ou distraídos. Mas tudo ali se gere por códigos próprios e com trepidante ditadura do tempo. 

Tive oportunidade de ouvir a entrevista que D. José Manuel Cordeiro deu recentemente a um canal de televisão. De longe, felicitei-o. Deu prova de conhecer e amar os seus. E pensei: afinal é a Comunicação Social que nem sempre sabe falar com a Igreja. Pensei ainda: que a Igreja é pecadora não é novidade. Que é santa sabem-no alguns.

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