A opinião de ...

Escola real, Escola ideal

«Escola real, Escola ideal» foi uma tertúlia promovida, em boa hora, pelo Agrupamento de Escolas de Alfândega da Fé, pela disciplina de EMRC e pela Paróquia de Alfândega da Fé. Deixo aqui o meu rasgado elogio ao Senhor Director do Agrupamento pela audácia e arrojo desta iniciática. A missão exigente da formação integral das novas gerações não pode ser despojada da inerente corresponsabilidade colectiva da comunidade local. Cabe à comunidade ajudar, colaborar e apoiar a escola nesta formação que ser quer integral e global. Alfândega da Fé é, neste particular, um bom exemplo de integração social das pequenas comunidades ou minorias étnicas. A multiculturalidade presente neste território traz vantagens, mas, igualmente, novos desafios. Como enquadrar esta minorias na comunidade global? Como fazer a sua integração? Como ajudar e responder aos apelos e desejos dos mais fracos e desfavorecidos? Como gerar sinergias e esforços que promovam o bem-estar geral? Como defender a unidade e a identidade nesta pluralidade? Estas, e outras questões, foram lançadas para o debate colectivo daquelas largas dezenas pessoas que participaram nesta tertúlia na Biblioteca Escolar deste Agrupamento.
A Escola não é o lugar exclusivo da formação. Antes, ela é, a par da célula familiar e da comunidade orante, lugar de complementaridade. A Professora Áurea e o Professor Rui Oliveira – professora do pré-escolar e o outro professor do ensino superior – souberam lembrar isso mesmo. «A formação primária vem da família – dizem – e cabe à Escola promover a cidadania e a formação mais equilibrada possível. A verdade é que os docentes são um completo à missão e à responsabilidade primeira da família no processo formativo e educacional». No entanto, ainda não há um verdadeiro trabalho colaborativo entre os pais, professores, comunidade escolar, civil e orante. A Senhora Presidente da Câmara Municipal, Dra. Berta Nunes, lembrou isso mesmo: «a Escola está a fazer o seu melhor e há que acabar com o jogo do ‘passa a culpa’». Na verdade, todos somos responsáveis e todos podemos contribuir. Cooperação: esta é a palavra-chave. Urge promover na consciência coletiva que só o trabalho em equipa leva ao verdadeiro sucesso. Sozinho não se vai a lado nenhum! Dito de outra maneira, superação em vez de competição. Por isso, a Escola deve imprimir, no seu processo formativo integral e colectivo, a centralidade da colaboração, da superação partilhada e da dimensão ontológica da espiritualidade. A Conferência Episcopal Portuguesa, na sua Carta Pastoral «A Escola em Portugal – Educação integral da Pessoa Humana», lembra: «a educação escolar terá de assentar, consequentemente, num projecto cultural de natureza axiológica, antropologicamente fundamentado, capaz de definir as opções, as propostas e os contornos das políticas educativas que, coerentemente, o levem à prática. “A escola não pode ser apenas um conjunto de actividades; é uma visão da vida, persistente e longamente perseguida e afirmada”. Uma antropologia assumida com coerência nas suas exigências e nas suas consequências implica a defesa e a valorização da verdade, como fundamento da cultura» (nº 3). E, ainda: «a nossa esperança radica numa educação antropologicamente fundada, que se oriente pela educação integral de cada pessoa, em liberdade, num quadro de convivência solidária, em ambientes escolares de árduo trabalho e pedagogicamente estimulantes, em que os professores sejam educadores competentes e eticamente fundados e dedicados. Em que os alunos trabalhem, aprendam e sejam educados para uma inserção social participativa, crítica e criativa e em que as comunidades locais acalentem, apoiem e estimulem a aprendizagem de todos ao longo de toda a vida» (nº 24).Termino com a aliciante desafio de Charles Chaplin: «A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos».

Edição
3725

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