A opinião de ...

Lugares de Êxtase…

Rio soberbo, a natureza superou-se por estes sítios, o prodígio brotou com a lentidão dos maiores ao longo de milhões de anos, oferecendo o passado no presente, sempre, basta a demanda, sair da poltrona, respirar.

Vindos do Norte ou do Sul, A23 será caminho rumo à aventura, à libertação, ao conhecimento. Fica entre uma Baixa e um Alto, lá para os lados do José Régio.
Vem da Hispânia, na sua hercúlea caminhada em território Luso, enfrenta obstáculo temerário ali numa zona entre a Beira Baixa e Alto Alentejo, entre o Distrito de Castelo Branco e o de Portalegre. A Serra das Talhadas impõe respeito, é dura de roer, de textura quartzítica enfrenta, de frente, o majestático curso de água. Foram necessários milhões de anos, de cinzel em riste, talhar na rocha as imponentes portas, montante e jusante.

Esta Serra, de amplitude generosa, prenha de quartzo, impôs ritmo lento no cavar do leito que atingiu alturas medonhas de arrepiantes vertentes, margens abruptas, penhascos dantescos.
Sabe-se que após o atravessar daquele território montanhoso a água caía a pique em fervilhante cascata, talvez das maiores em território nacional mas, após equilíbrio das águas do planeta um grandioso lago foi presente da natureza para quem ousar procurá-lo.
Na porta Norte, nascente, em garganta de vereda estreita, escarpa esquerda, domina do alto da soberba, o Castelo mais enigmático e misterioso de todo o território nacional. Visto cá de baixo, da água, a imponência subjuga e pela altivez informa-nos da ascendência religiosa e militar.
Trata-se de uma Torre/Atalaia, roqueira, cercada de uma pequena muralha reconstruída. O Miradouro, oferta municipal, tem vistas privilegiadas sobre o imenso vale de águas espraiadas, serenas, frescas, em corrente sem pressas. De planta quadrangular, é uma Torre de Menagem, tem por companhia, a cerca de 150 mts, a Capela de Nossa Senhora do Castelo. Daqui avista-se, na margem Direita/Sul o Povoado Paleolítico de Vilas Ruivas. A História diz-nos que foi erigida pelos Templários entre os secs XII e XIII, serviu para espiar os Mouros e, séculos depois, em plenas Invasões Francesas, aqui se manteve um posto de artilharia.

A Lenda transporta-nos aos contos de bruxas e princesas. Dentro desta fortaleza vivia o último Rei Visigodo e sua belíssima esposa, cobiçada por Rei Mouro, instalado do outro lado do leito do rio. A paixão exacerbada levou-o a construir túnel secreto, por debaixo das águas, para raptar a amada. Por falha matemática e da régua/esquadro, os cálculos furados levam a saída errada, longe do objetivo. Esta saída pode ser observada no local, de nome Buraca da Moura. O marido traído amarra a angélica esposa a uma mó e lança-a do penhasco abaixo e, daquela trajetória, nada brota até aos dias de hoje.

À vossa espera, o Tejo, As Portas de Ródão e o Castelo do Rei Wamba, Lugares de Êxtase…

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