A opinião de ...

Tansos…

Fica, de facto, em lugar paradisíaco, integrado no Concelho de Vila Nova da Barquinha. Por incrível que pareça foi Sede de Concelho até aos inícios do Sec. XIX. Por ali passa o futuro, dizem-no agora, outra vez, os nossos engravatados políticos, os mesmos que destruíram a rede arterial férrea que ligava, para o povo, o heterogéneo território nacional. O apeadeiro, em Praia do Ribatejo, é um dos orgulhos da Linha da Beira Baixa donde se avista o mítico monumento insular Castelo de Almourol.
Naquele território edílico, de suster a respiração, inebria tanta beleza junta, a água respira por quantos poros tem dando de beber aos ressequidos da vida, aos sedentos citadinos. Seu Polígono Territorial, que coloca em sentido, militar que se preze, acolhe equipamento de respeito: Castelo de Almourol, Escola Pratica de Engenharia, Aeródromo Militar de Tancos, Escola de Tropas Aerotransportadas e Paiol Nacional de Tancos.
Por aqui, centro de Portugal, um Milagre de 100 anos, o da Cova de Iria, abençoou outro, na mesma altura, o Milagre de Tancos: a 1.ª República preparou aqui, em três meses, o famoso CEP, Corpo Expedicionário Português, Regimento com 20.000 homens, destroçados em Flandres, medalhados como heróis pela posteridade, relembrados em cada comemoração do Armistício.
Mas ali mesmo defronte a Almourol, do outro lado do Tejo, na Chamusca, joia encastrada na vertente, casinhas brancas de madrepérola, guarda lenda com Caixa de Pandora, com fechadura manhosa, de abertura fácil, mesmo sem chave, a Aldeia do Arrepiado.
Reza a Lenda que no Castelo de Almourol vivia um casal de Mouros com uma formosa filha, cabelos de oiro, de seu nome Ari. Um certo dia, o casal com sua filha, foi passear-se por aquela vertente e tropeçaram num moçoilo cristão que logo se enfeitiçou pela linda donzela. Mas os Mouros, o casal, ciosos do tesouro que em casa tinham, contra o enlace, “pearam” a filha, isto é, ligaram um pé a um peso. Os tempos se encarregaram da sequência terminológica: Aripeada, Arripiada, Aldeia do Arrepiado. É de visitar, sem medos, arrepia tanta beleza.
Séculos depois, é Portugal inteiro que se encontra arrepiado pois que alguém, grupo organizado, abriu a Caixa de Pandora, e de lá de dentro soltaram-se um embuste e um tapa-olhos.
O Embuste anda por aí, à solta, pelo roubo das munições, enquanto que fazem crer que o problema é político, os militares, Honrados Guardiões do Polígono, conluiados com tristes políticos, agachados atrás das sombras, disfarçados de Soldado Milhões, disparam em todas as direções: Ministro, Primeiro Ministro e Presidente da República. E pasme-se, inacreditável, ouvimos cada canto deste triângulo escaleno, a falar uns com os outros através dos jornais, ao mesmo tempo que o Ministério Publico, tão mãos largas nas fugas de informação, calçou luvas. Enquanto o “Inventário do Paiol de Tancos”, do antes e do depois, não for mostrado, o Tapa-Olhos, que também se soltou da Caixa de Pandora, faz de nós todos, os portugueses, verdadeiros Tansos…

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3705

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