Ernesto Carolino Gomes

O largo da aldeia para todos

Admiro a vida dos que a pautam por percursos dignos e honrosos, cortando metas de sucesso à força da sua própria força e do seu mérito, sem o concurso dos ombros de terceiros, sem aventureirismos levianos, sem afastamento dos outros dos caminhos que, também eles, têm direito a percorrer. Admiro os que vencem cavalgando o seu próprio trabalho, árduo e suado. Recuso louvores àqueles que, por pérfidas artes e manhas traiçoeiras, se apoderam dos lugares a que outros ascenderam na prática virtuosa da honestidade, da honra e da dignidade. Porque louvores imerecidos.


Carta a um deputado deslocado...

Visando denegrecer a imagem do Presidente da República, deputado socialista expenderia que «isto não é um Presidente, é um gangster». Ao fazê-lo, não enlameou a figura presidencial, como pretenderia, mas a sua, infinitesimal, se cotejada com aquela outra, por muito que lhe possa custar. Enquanto aquele representa, sozinho, o órgão maior da soberania nacional, o snr. deputado não passa de mero apêndice de um outro: se quiser, para ser mais rigoroso, um duzentos e trinta avos. Espelhe-se, pois, na sua ninharia política.


Os pais descartáveis...

O superior interesse de uma criança, de qualquer criança, deveria equivaler a questão suprema das questões, desde logo o seu tempo merecedor de atenção de qualidade maior e em maior quantidade, por não equiparável, sequer, ao tempo dos adultos, nem das instituições múltiplas onde se possam estes inserir. E, sendo as crianças pessoas, não são pessoas quaisquer. Do mesmo passo e identicamente, deveriam ser acautelados os interesses mínimos daquele a quem as crianças são subtraídas, em cenário de separação dos progenitores. Por norma, hábito e tradição, o pai.


Um gesto louvável em Soeima

Rendo a minha homenagem às mulheres de antanho, especialmente as dos meios rurais, procriadoras de proles extensas que iam criando com a maior das serenidades e, em casos múltiplos, o menor dos recursos materiais. Todavia, e sobremaneira, com muita ternura, muito carinho e muito amor, condimentos que chegavam para todos. Contrariamente às de hoje, vezes sem conta amarradas a egoísmos de ordens variadas, que habilmente tentam disfarçar com pretextos que não colhem, para recusarem prolongar-se na vida, filhos estorvos ao desígnio material que se propuseram.


A política é para os espertos, estúpido!...

Após o golpe desferido no coração político de Seguro, o mínimo expectável de Costa seria mais decência, honestidade e coerência. Após a derrota eleitoral, não se lhe  exigiria que tomasse o caminho de casa (nenhum político menos honesto gosta de o fazer), mas ficava-lhe bem fazê-lo, depois de haver atirado Seguro para a sombra política da forma como o fez e a pretexto do que o fez. Que provasse humildade, ao invés de ambição despudorada, atropelando moral e ética. Não lhe admiro a esperteza de nível menor com que passou a prova da sobrevivência; desprezo-a, por execrável.


Labirintos da Justiça

Rezava a notícia que tribunal de escalão maior revogara o decidido por outro de menor instância, autorizando que uma criança, levada pela progenitora para país outro, na ausência de consentimento do progenitor, mantivesse a permanência nesse mesmo país, mau grado acórdãos de outros tribunais impondo o regresso da criança.


Habilitações maiores, empregos menores

Repeti múltiplas vezes e em variadas sedes que tudo começou com o desmantelamento das escolas técnicas (comerciais e industriais), formadoras de jovens qualificados para o exercício das mais diversas profissões no mundo laboral. Se constituíam o parente pobre do ensino secundário, o parente rico equivalendo ao liceu, haveria que lhes levar a dignificação devida, ao invés de, liminar e levianamente, as destruir, em obediência a um cego complexo de esquerda.


Trilogias: do passado ao presente

Décadas atrás, um século quase, defendia o regime então vigente a trilogia Deus, Pátria, Família, a que alguns acrescentariam, posteriormente, Autoridade, Trabalho. Anos volvidos, por efeito de uma certa epidemia de revolucionarite instalada, todos os elementos foram torpemente ridicularizados. Deus foi arredado das vidas, dos pensamentos e dos corações, cedendo a um materialismo agrilhoante, à futilidade, sentimentos tornados metálicos, mais facilmente conjugado o verbo ter do que o ser.


Marca branca e outras marcas...

Canal televisivo passou imagens de Cristiano Ronaldo disfarçado a fazer magia (e como ele sabe fazê-la...) com uma bola de futebol no centro de Madrid, acompanhado de um cachorro e, de quando em vez, empunhando uma pequena caixa de cartão para a recolha de contributos voluntários daqueles que iam assistindo às diversas cenas do mesmo espectáculo.


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