Editorial - António Gonçalves Rodrigues

Temperança em tempos de agressividade

A reflexão semanal do Papa Francisco, proferida na audiência pública desta quarta-feira, alertava para a necessidade de “temperança” no período que vivemos, “de agressividade”.
Citado pela Agência Ecclesia, o Papa afirmava que a virtude da “temperança” ajuda todos a “pesar e medir bem as palavras”, num mundo de “excessos”, elogiando quem vive com equilíbrio e sobriedade.
“Aprendamos a cultivar a virtude da temperança, de modo a poder controlar as nossas palavras e ações para evitar conflitos desnecessários e promover a paz na nossa sociedade”, pediu aos participantes.


Expectativas em alta

As expectativas são como os melões, só depois de abertas é que se consegue perceber se o sabor é tão doce como o embrulho deixava antever.
Para já, após a tomada de posse da totalidade do Governo de Luís Montenegro, as expectativas são altas para os transmontanos.
Desde logo, pela relação umbilical que o próprio Primeiro-Ministro tem com o Nordeste Transmontano, pois o seu pai era natural de Rabal, uma aldeia às portas de Bragança e em pleno Parque Natural de Montesinho.


O serviço militar obrigatório ou uma outra forma de o Estado dizer presente

Durante séculos que a presença militar foi condição de desenvolvimento de territórios dentro das fronteiras, mais do que bastião de proteção das populações.
Quando D. Afonso Henriques decidiu autopromover-se de Conde a Rei – nada contra – passou a utilizar a presença militar como fator de fixação de gente e elemento definidor das fronteiras com os reinos vizinhos.


Acabou o recreio

Enquanto estudante, o momento mais ansiado era, também, o mais temido. Se o toque da campainha indicava que era hora de deixar a sala de aula e ir para o recreio, novo toque, passado um piscar de olhos (era a sensação com que ficava qualquer estudante) indicava a obrigação de regressar ao mundo real, arregaçar as mangas e tomar novamente o lugar à secretária de trabalho.


Um Presidente à espera de Moedas?

Se o objetivo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dissolver um parlamento de maioria estável era clarificar alguma coisa, o tiro saiu pela culatra.
Em novembro, Marcelo decidiu fazer tábua rasa da lei da República, que estabelece que as eleições Legislativas servem para eleger deputados para o Parlamento e não um Primeiro-Ministro, recusando uma solução que já tinha sido usada por um seu antecessor, Jorge Sampaio, que se arrisca a ficar para a história como o maior estadista a passar pelo cargo.


A importância de um voto

O meu avô António era um tipo peculiar. Criado no seio de uma família de lavradores, durante o Estado Novo, desenvolveu uma série de regras mentais e temores. Sempre me disse, em período eleitoral, que era importante ir lá à urna deitar o voto. Não tanto pela preponderância da escolha mas “para que eles [subentendia eu que eles eram os que mandavam] não vejam depois nos cadernos quem não votou” e não prejudicassem os abstencionistas.


Campanhas

Cada vez mais se percebe menos o que cada partido defende durante a campanha eleitoral para as Legislativas. Com três atos eleitorais em menos de seis anos (2019, 2022 e 2024), à razão de uma campanha a cada dois anos, tem-se assistido a uma ‘futebolização’ da política.
Correndo o risco de me repetir, aquilo que se vê nas televisões, ouve nas rádios e lê nos jornais nacionais, é a repetição de frases feitas e resposta a perguntas sobre a polemicazinha do momento, com a análise exaustiva do discurso durante as horas seguintes, sobretudo à noite.


Quem nos dá de comer...

Tem sido entretida a campanha eleitoral, com intensos e longos debates nas televisões... entre comentadores, sobre os curtos e vazios debates dos candidatos.
No meio do ruído da discussão, não se ouve nenhum argumento. O problema é que cada vez se discute pior.


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