A opinião de ...

“Não te aperto a mão porque gosto de ti”

A pandemia Covid – 19, que nos mantém em quarentena, trouxe de volta gestos de saudação desusados e, outros que a criatividade e, o bom humor social ditaram. Quem sabe se não é desta que se reformula o Protocolo, a Civilidade, ou as Boas Maneiras?
A nível global baniram-se, temporariamente, alguns gestos de cumprimento [beijo, abraço, aperto de mão] e, retomam-se saudações reverenciais, [inclinação ligeira, o “Gong Shou”, unir as mãos em saudação chinesa, ou a indiana “Namasté”]. No entanto surgem outras mais artísticas e bizarras [“footshake”, mãos nos bolsos batendo os pés um no outro, ou outras como o tocar de cotovelo]. Acrescenta-se o vocabulário da cortesia social: “não te aperto a mão porque gosto de ti”, ou “dou-te flores, não te beijo”, para evitar o contágio do vírus.
A pandemia não tem espalhado só angústia e desespero, valoriza gestos, sinais de afeto, humoriza, melhora as relações sociais, aproxima as pessoas num esforço de entendimento comum para debelar o vírus. Estamos perante uma sociedade de pessoas mais próximas e, fraternas, ao jeito do Papa Francisco. Na sua Catequese sobre os irmãos diz o Romano Pontífice: “o estilo de fraternidade irradia-se como uma promessa sobre toda a sociedade e sobre relações entre os povos”. “Certamente também esta expressão sua não é apenas um apelo bondoso dirigido aos crentes. Solidariedade, empatia, caridade e coisas do género”. “Nello Scavo”, repórter de guerra, diz isto a propósito de um discurso em que o Papa disfere um ataque à indústria bélica. Idêntica “bofetada” dá à sociedade burocrata e tecnocrata, que teima em afastar a fraternidade do centro da sociedade e, só com ela a liberdade e a igualdade tomarão suas corretas entoações.
Se agora mudam as saudações, gestos de civilidade, sinais de confiança, que mantém o vínculo entre as pessoas, porque não muda do protocolo o que ainda resta de submissão? Porque não se aplanam os estatutos e, se suavizam hierarquias, ao jeito do relacionamento entre irmãos de verdade?
Mantenha-se o sorriso atitude amigável que atrai a simpatia, gera afabilidade e, o bom relacionamento social. Saudar sempre, porque saudar é prova de boa educação.

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