FUTEBOL

“Encaro as dificuldades com pensamento positivo. Quero dar sempre o meu melhor.”

Publicado por Guilherme Moutinho em Ter, 2020-06-09 18:23

João Loureiro, lateral direito de 27 anos, é um nome incontornável na história recente do SC Mirandela. Esta temporada acabou a representar o Condeixa, de Coimbra, após uma curta passagem no GD Bragança. Uma experiência negativa que o transformou e motivou a ser mais assertivo na promoção de ferramentas que melhorem as condições profissionais dos jogadores de futebol.

 

MdB - Chegaste a Portugal com 20 anos de idade, com o histórico Vasco da Gama no teu currículo. Como foi a adaptação a Portugal?

JL - Primeiramente, gostaria de agradecer o convite para essa entrevista e dar os parabéns pelo vosso trabalho.

A minha adaptação, inicialmente, foi complicada devido ao frio, cheguei em final de Janeiro e nunca tinha experimentado temperaturas tão baixas na minha vida. Fui parar logo na zona mais fria de Portugal (risos). Então era até engraçado, pois treinava sem sentir meu pé, nos primeiros meses só saia de casa para comer e ir treinar, depois ficava o máximo de tempo possível no quentinho do meu quarto. A adaptação ao futebol daqui também foi um pouco complicada devido à diferença tática de jogo. No Brasil tínhamos mais liberdade para criar e ficar mais à vontade no campo. Aqui a disciplina tática é bastante exigente. Colocando na balança, posso afirmar que lá a competitividade é bem maior (devido também ao maior número de clubes com boas receitas, onde todas as divisões são profissionais) e também se treina mais. Ou seja, em Portugal você evolui melhor taticamente e no Brasil você evolui melhor tecnicamente. Com o tempo fui adaptando melhor e entendendo mais a cultura do País, entendendo as pessoas, o que elas gostavam ou não gostavam e com isso fui evoluindo.

 

MdB - Foste um dos símbolos do Mirandela num passado recente. Que momentos guardas nas tuas memórias?

JL - Passado bem recente mesmo, pois até ao ano passado representava o Clube. O Mirandela é um Clube que representa toda uma cidade e todo um Distrito (sendo o mais antigo deste), foi o clube que me abriu as portas em Portugal e sou grato, até hoje, ao Clube e a todas as pessoas que ali passaram. Tenho muitos momentos bons e alguns ruins, mas os bons prevalecem. Os momentos que mais guardo na memória são completamente opostos, um foi a época em que levamos o Clube para a fase de subida e o outro foi o que lutámos até o último jogo pela manutenção, foi um jogo em que tive todos os tipos de emoção e que felizmente o objetivo foi cumprido. O Futebol não é só dentro de campo e os momentos que também guardo na minha memória são o carinho que os torcedores têm por mim. As pessoas da cidade sempre trataram bem e nunca deixaram faltar nada. Acrescento também, a honra de ter sido nomeado pelos “torcedores” como melhor defesa-direito desta década na história do Clube, ter ganho melhor golo, destaque do Campeonato na época 2016/2017, etc. São muitos momentos especiais que guardo com bastante carinho.

 

MdB - Tiveste uma passagem curta e envolta em polémica pelo Bragança. Como foi ultrapassar essa situação?

JL - Sinceramente, é um assunto que não gosto muito de falar pois cheguei a ter depressão por conta desse acontecimento. É um assunto que ainda venho tratando internamente e que até hoje não me faz bem, recebi mensagens de pessoas da própria direção do clube que diziam que não estavam de acordo com a decisão que estava sendo tomada antes mesmo da época começar. Até o próprio treinador na altura afirmou que não sabia que eu estava indo embora e demonstrou insatisfação. Ficou claro que foi decisão política e que tinha interesses por trás, mas isso agora é passado e prefiro agarrar aos aprendizados que uma experiência negativa pode trazer.

 

MdB - A situação atual do Bragança é de alguma fragilidade. Como analisas a crise diretiva que o clube brigantino atravessa?

JL - Resumo esta pergunta em três palavras: “Falta de Planeamento”, nada mais a acrescentar.

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