Nordeste Transmontano

Marcelo Rebelo de Sousa veio ao distrito de Bragança pedir missão “especial” para salvar o Interior

Publicado por Glória Lopes em Sex, 2016-07-08 12:29

O Presidente da República passou um dia no distrito. Em Bragança foi saber mais sobre investigação científica no IPB, homenageou os bombeiros e conheceu o Museu do Abade de Baçal. Em Vila Flor aprendeu como se produzem cogumelos. Em Alfândega da Fé comeu as cerejas mais doces e falou da necessidade de ultrapassar a interioridade. Já em Freixo de Espada a Cinta brindou com os melhores vinhos da região. Marcelo está mais popular do que nunca.
O Presidente da República dedicou todo o dia de terça-feira, 5, ao Nordeste Transmontano, numa iniciativa designada ‘Portugal Próximo’, mas foi em Alfândega da Fé, onde foi recebido por muitas centenas de pessoas, que pediu que o governo vá mais longe, do que já foi com a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, criando uma equipa “especial” para as terras que estão longe do mar e do Litoral.
Desta forma lançou um repto ao primeiro ministro, António Costa, para que crie uma unidade de missão só para esta região e para os seus problemas, com fundos de Bruxelas para investir, através da constituição de uma equipa que envolva os municípios, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Norte , o Estado, empresas, produtores e as instituições de solidariedade social. “É uma oportunidade única. Nenhum de nós sabe se depois de 2020 haverá tantos fundos a vir de Bruxelas como aqueles que vieram ou estão para vir. Não se pode perder esta oportunidade. É preciso investir mais nestas terras e nestas gentes”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso na praça, que muitos aplausos mereceu.
O chefe de Estado admite que conhece os problemas do Interior, como é Trás-os-Montes e Alto Douro, região para a qual defende “um tratamento especial” e garante que não é para discriminar em relação às outras. “Eu sei o que é um drama de um concelho envelhecido, onde não nascem pessoas. Os que permanecem ficam num território com pouca gente, que precisa de criar riqueza, onde é difícil chegar. Fica longe das estradas e, às vezes, fica longe da cabeça dos responsáveis, que é pior do que ficar longe das estradas”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.
Prosseguiu afirmando que sabe bem como é difícil criar agricultura nestes territórios, assim como manter o comércio e fixar os jovens. “Isto também era um drama na minha terra, Celorico de Basto, onde fui Presidente da Assembleia Municipal. Era uma luta todos os dias. Eu percebo que é a vossa luta. A luta da presidente e das freguesias”, realçou.
Marcelo mergulhou na multidão. Encontrou pessoas que o conheciam desde criança, como Noémia Silva que fez questão de o comprimentar. “Conheci-o com 6 anos. É uma emoção”, contou. Demorou mais de uma hora a descer a Praça contígua à casa do Engº Camilo Mendonça, seu padrinho de batismo, porque não se furtou ao contacto com ninguém. A visita presidencial foi uma festa que quebrou a pacatez da vila numa tarde tórrida. Tocou bombo, tirou fotografias, distribuiu beijos e abraços por idosos e crianças. O Presidente é popular, tanto ou mais que os jogadores de futebol que disputam o Europeu. As pessoas acotovelam-se para o cumprimentar, para o abraçar, para lhe dar duas palavras. “Estamos em boas mãos com ele (Marcelo)”, explicava Xavier, 15 anos. Num vai e vem tenta falar a todos os que o solicitam. Teve direito a um jogo didático Ekuni, entregue pelos utentes da LEQUE, assistiu a uma pequena encenação teatral sobre a atribuição do foral da vila e, sobretudo, foi muito acarinhado, bem como aplaudido pela população, muita da qual se deslocou das aldeias para o ver. “O Presidente da República trouxe alegria, aquela que às vezes nos falta. Ele anda aqui no meio do povo e não distingue os ricos dos pobres”, disse Mariano Castilho, residente em Valverde.
Foi aqui nesta vila, que o Presidente da República lembrou que Camilo Mendonça teve um sonho “um bocadinho impossível”, o complexo do Cachão (Mirandela), há 60 anos. “Tentou criar indústria ligada à agricultura, comércio ligado à agricultura, mas infelizmente não pôde levar por diante a sua obra e quando voltou, já morto, a Portugal, tinha falhado um projeto”. E deixou uma palavra de ânimo: “As gentes desta terra não disistem, persistem, lutam, ficam. E ficam, porquê? Porque quem tem a história que tem Alfândega da Fé nunca vai desistir. Portugal, uma das nações mais antigas, também não desiste. Quando surge uma adversidade, resiste”, explicou.
Marcelo elogiou a anfitriã, Berta Nunes, que tem lutado “pela transparência do município” e realçou a frontalidade dos transmontanos. “Dizem o que têm a dizer olhos nos olhos. São de antes quebrar do que torcer”, acrescentou.

Bombeiros e IPB
bastante elogiados

Mas a visita, que terminou à noite em Freixo de Espada à Cinta, começou pela manhã, em Bragança. Marcelo apelou a todos os portugueses para que contribuam para o êxito dos bombeiros na época de fogos, ajudando a prevenir e a garantir a segurança de todos, durante uma cerimónia no Quartel dos Bombeiros de Bragança.

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