Mirandela

“Quinta do Bill” em palco com 70 alunos da orquestra Esproarte

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2023-07-27 15:16

Arrancaram, na passada terça-feira, as festas da cidade de Mirandela que vão durar 13 dias com mais de 30 espetáculos, todos gratuitos. O primeiro deles foi bem é bem original, com a atuação dos Quinta do Bill, mas em formato sinfónico.

Uma das mais prestigiadas bandas de folk e rock de Portugal dividiu o palco com a orquestra da ESPROARTE - Escola Profissional de Arte de Mirandela - constituída por mais de 70 jovens alunos, no anfiteatro da cidade para uma plateia com mais de três mil pessoas com o rio Tua como pano de fundo.

O vocalista dos Quinta do Bill elogiou o empenho e dedicação dos 75 alunos da orquestra da Esproarte de Mirandela. “Não me cansei de dar os parabéns aos jovens músicos que, realmente, trabalharam o reportório lindamente. E a prova é que o espetáculo foi memorável”, diz Carlos Moisés.

O diretor pedagógico da ESPROARTE entende que este tipo de eventos com figuras ou bandas de renome nacional acabam por trazer ainda “maior motivação e empenho” aos alunos e ao mesmo tempo “dar maior visibilidade” a uma escola profissional de música que vai resistindo no Interior há mais de 30 anos. “Eles são, sensivelmente, 75 elementos e conseguiram coordenar-se em 3 dias, o que para uma orquestra de jovens é algo fantástico. Para eles isto é importante porque estes grupos têm realmente uma projeção nacional muito grande e que acaba por ser também uma divulgação do trabalho da escola e dos cursos”, refere José Francisco Dias.

Com este formato “Sinfónico”, o vocalista dos Quinta do Bill assume que a pretensão é vincar a importância que o ensino artístico tem em Portugal. “Muitas pessoas desconhecem esta realidade que é o ensino artístico, neste caso concreto, da música, onde muitos jovens trabalham imenso, muitos deles estão a prescindir das suas férias para estar aqui a trabalhar em prol de um conjunto, em prol de um projeto. E isso é muito de louvar e de realçar a importância do ensino artístico da música”, diz Carlos Moisés que acrescenta ser um privilégio poder partilhar as canções da banda.

Com um sólido percurso artístico de mais de 30 anos, os Quinta do Bill reúnem um inigualável acervo de canções que conquistaram um público que junta diferentes gerações. Neste concerto, para além de revisitarem as canções intemporais, com novos arranjos originais e novas sonoridades, também pretenderam cativar as novas gerações. “As nossas canções, muitas delas já são, como costumo dizer, património de todos, porque fazem parte já da vida das pessoas há muito tempo. Por outro lado, também é bom para nós porque estamos a conquistar novos públicos, sendo que para nós também é bom sentir que as nossas canções têm potencial e têm vivacidade para serem transformadas, no fundo, não perdendo a essência, como é óbvio”, afirma.

O espetáculo que juntou Quinta do Bill e a orquestra da Escola Profissional de Arte a marcar o arranque das festas da cidade de Mirandela que vão prolongar-se até 6 de agosto.

 

Violinista da banda é mirandelense

 

Os Quinta do Bill têm na sua constituição uma violinista natural de Mirandela, que também começou a aprender os primeiros acordes na Esproarte, e cuja principal influência para aprender a tocar violino foi precisamente um concerto com os Quinta do Bill, em Mirandela, no final da década de 1990.

Neste regresso a casa, para tocar com uma orquestra da escola onde já estudou e até já foi professora, Carla Santos admite que sentiu algum nervosismo. “Regressar a casa é sempre bom, revi-me no lugar daquelas pessoas que estão ali sentadas a acompanhar os Quinta do Bil, e com os mesmos professores e é sempre nostálgico, mas emocionante”, contou Carla que trabalha como freelancer com a Sinfonietta de Lisboa, dá aulas de música e integra os Quinta do Bill, desde 2022. Curiosamente, a banda que a inspirou a entrar no mundo da música. “Em 1997, comecei a estudar violino, porque fui à Reginorde, na altura, assistir ao concerto dos Quinta do Bill, e vi um gajo a tocar violino elétrico, com fios, e eu pensei, isto deve ser interessante. Eu já tocava piano com o professor António Neto, que foi o meu professor desde os 6 anos, então ele também me encaminhou um bocadinho para as artes, e quando cheguei aqui eu já sabia que queria ser violinista, porque vi os Quinta do Bill na Reginorde. Portanto, eles vieram em 96, em 97 eu ingressei na Esproarte como aluna e em 2016 fiz aqui uns meses de substituição na banda, agora, desde o ano passado, integrei a banda oficialmente. Portanto, é assim, é o destino”, afirma.

Carla está envolvida em vários projetos musicais. Desde 2009 que é solista de Tony Carreira. Na Sinfonietta de Lisboa, já participou em produções com muitos artistas a nível nacional, como Marisa, Bernardo Sassetti, Mário Laginha, Maria João, Rui Veloso, Carminho, e até a nível internacional, como Andrea  Bocelli e José Carreras. A violinista não tem dúvidas de que para chegar ate aqui, a Esproarte de Mirandela foi “uma boa referência”.

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