A opinião de ...

Matematicamente pensando: Mais ligações ao país e ao mundo

Uma das características mais interessantes do ser humano assenta no desejo de querer sempre mais nos vários contextos em que se envolve ou está envolvido. Assim, é saudável e desafiante querer saber mais, querer ter mais possibilidades para fazer o que se deseja e querer viver ou conviver mais e melhor. Enquadra-se neste querer mais a vontade de cada transmontano querer mais e melhores acessos e ligações com o país e com o mundo.
Relativamente a acessos e ligações, uma das conquistas mais importantes para Trás-os-Montes foi a conclusão da autoestrada transmontana, constituindo o túnel do Marão a sua parte mais emblemática. Em termos de ligações terrestres, depois de iniciada e concluída a autoestrada Bragança - Puebla de Sanabria, poderemos ficar bastante satisfeitos, pois não só passamos a ter condições de mobilidade terrestre idênticas às de grande parte do país e da Europa, como foi reposta alguma justiça relativamente a décadas de carência.
É do conhecimento de todos que os fundos europeus já conheceram melhores dias, mas também se sabe que existem fundos avultados para grandes obras, principalmente para melhorar zonas de elevado nível de desertificação. Uma das grandes obras que falta a Bragança é uma linha férrea que permita a ligação de Bragança, às cidades vizinhas espanholas, pois estamos tão perto em termos físicos e tão longe em termos de ligações ferroviárias.
Avaliar os benefícios de uma obra desta natureza é bastante difícil, pois os benefícios associados ao inexistente não são calculáveis, quando muito podem ser estimados a partir de um conjunto de diversos pressupostos. Por outro lado, o investimento previsto para a realização de uma ligação ferroviária que sirva bem Bragança e facilite a sua ligação com o país e com a Europa, por exemplo com Puebla de Sanabria ou Zamora, são bastante fáceis de calcular, tornando-se fácil, para quem pense que já temos tudo, colocar na mesma balança um prato com um conjunto enorme de despesas e no outro um conjunto vazio de benefícios. Mas, este é o pensamento de grande parte dos que não acreditam no sucesso das localidades consideradas interiores.
Contra muitas previsões Trás-os-Montes tem resistido e tem tido, em diversas ocasiões, um conjunto de autarcas que têm sabido apoiar os grandes projetos. Neste sentido, é inevitável que os autarcas, principalmente os dos distritos de Vila Real e Bragança, assim como os vizinhos espanhóis com responsabilidades governativas estudem a viabilidade de um projeto desta natureza, e vejam na ligação ferroviária destas localidades ao país e ao mundo uma nova janela de oportunidades para terminarem, definitivamente, com a classificação de interior e respetivas consequências, nomeadamente a permanente desertificação com que esta região é confrontada.
No âmbito da realização do VII congresso mundial de estilos de aprendizagem, que se realizará em Bragança nos dias 4, 5, 6 e 7 de julho de 2016, com a participação garantida de mais de 300 participante de 15 países, das questões que mais temos ouvido aos participantes, e aos que manifestaram vontade em participar, saliento as relacionadas com os horários dos comboios, parecendo natural que as cidades que possuem Ensino Superior consolidado, também possuam boas ligações ferroviárias.
Devemos continuar a lutar para fazer com que localidades que estiveram durante muitas décadas distantes de tudo e de todos possam atingir um nível de excelência. Registo com agrado que em grande parte de Trás-os-Montes é possível dispor de ligações através da Internet e de autoestrada como em muitas das regiões evoluídas do mundo, no entanto a ligação por avião ainda é muito ténue e por comboio é inexistente.
Além da comodidade que uma linha férrea pode trazer à generalidade das pessoas, também é possível pensar no valor acrescentado que pode trazer para o desenvolvimento do turismo, das empresas existentes e daquelas que se poderão instalar na região, para concluirmos que é um desafio que deve ser considerado, aproveitando-se eventuais fundos europeus orientados para zonas que necessitam de aumentar a sua população e a sua prosperidade.

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