A opinião de ...

O poder e as vitórias

Há poucos dias assistiu-se à eleição do presidente de um dos clubes portugueses, um acontecimento que nada teria de relevante se não fosse o contexto em que se desenvolveu. Do contexto saliento que concorreram três candidatos, dos quais um deles foi presidente do clube durante 42 anos. Quem está de fora, como é o meu caso, fica surpreendido com a coragem, legítima, dos que se candidatam contra quem conhece tão bem o clube, teve tanto sucesso em termos de troféus ganhos, e aparenta ter a esmagadora maioria dos associados ao seu lado.
Esta surpresa talvez resulte de nem sempre se ter presente que o poder é demasiado frágil, e quando se perde a ideia que o essencial do poder é servir as pessoas em função dos objetivos para os quais as organizações foram criadas vêm as tais surpresas que constituem o grande impulso que alimenta o prazer de viver em democracia.
Acompanhei, pela televisão, o processo da referida eleição até que um dos candidatos foi considerado, inequivocamente, vencedor. Porque admiro muito as pessoas que sabem ganhar e as que sabem perder, saliento que vi um vencedor a exaltar o clube que vai presidir, valorizar a obra feita do seu adversário e escancarar-lhe as portas para se sentir bem na casa que “foi sua, é sua e será sua”.
Que bela lição de democracia! É esta lição que espero ver nos partidos políticos portugueses. Terminaram as eleições legislativas e aproximam-se as europeias, que bom seria se na campanha eleitoral para estas eleições não permanecesse o dizer mal de tudo e de todos, assim como seria interessante que se refletisse nas seguintes questões:
- Porquê festejar uma vitória eleitoral se não se souber o que se vai fazer no dia seguinte? - Porquê perder tanto tempo a criticar quem esteve no poder se há tantos problemas a resolver e desafios a vencer?
- Porquê criticar, e até excluir, esta ou aquela pessoa por pertencer ao partido A ou ao partido B e não criticar apenas as ideias com que se discorda?
- Porquê não aproveitar as ideias e os projetos com que se concorda, sejam eles de que partido forem?
Fazer política deveria implicar querer o melhor para as pessoas, contribuir para a resolução dos seus problemas e para a concretização dos seus projetos e aspirações.
Desafio cada candidato ao parlamento europeu a estudar a sua legislação, a inferir sobre o papel que pode vir a ter, a apresentar ideias compatíveis com o âmbito do parlamento europeu e a aprender a vencer com humildade e a perder com dignidade.

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