A opinião de ...

FERNANDO MOREIRA DE SÁ E VASCO GRAÇA MOURA

O meu texto de hoje é muito pessoal e peço desculpa pelo facto. Acontece que no espaço de duas semanas perdi dois dos meus maiores amigos, Fernando Moreira de Sá, grande atleta que foi do Futebol Clube do Porto, vencedor de uma Volta a Portugal em Bicicleta e detentor de vários títulos, pai da mãe dos meus filhos, avó dos meus quatro netos e companheira de uma vida, a minha mulher, Maria Fernanda. O outro foi o irmão mais velho que não tive, Vasco Graça Moura.
 
Com o seu desaparecimento percebi que eram muito parecidos na forma de estar na vida. Ambos tinham, à sua maneira, um enorme talento. Ambos eram pessoas impolutas e de grande carácter. Ambos me proporcionaram momentos inesquecíveis. Ambos me ensinaram a ver mais longe, para além do horizonte. Ambos eram geniais. Ambos estavam sempre disponíveis para ouvir e tentar perceber sobre a bondade das propostas. Tanto um como outro apresentavam uma recusa sempre explicada de forma elegante, mas quando aceitavam e especialmente quando acreditavam na proposta então aí surgia todo o talento, empenho e entusiasmo ao serviço das causas que, quando as assumiam também como suas, passavam a ser, muito de longe, os melhores entre os melhores. Ambos tinham cautela no primeiro contacto, pois gostavam de tirar as medidas para depois permitir a entrada. Ambos eram absolutamente intolerantes perante a infâmia e a mentira. Ambos tinham um grande gosto pela vida. Ambos tinham enorme prazer numa boa mesa, com um vinho de grande qualidade e com excelente companhia. Ambos apreciavam mulheres bonitas. Ambos sofriam com as desventuras dos mais próximos
 
Fernando Moreira de Sá, à sua maneira, também era poeta, gostava muito de fado e adorava e protegia, como só ele sabia fazer, a descendência. O Vasco, à sua maneira, também era um grande campeão pelo empenho, pelo esforço, pelo domínio da técnica, pela ambição, pela vontade de querer ser o melhor entre os melhores e sei bem quanto queria aos seus. 
Vão-me fazer falta. Já sinto muitas saudades deles.
Até sempre Chefe, até sempre Vasco.

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3472

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