A opinião de ...

Expectativas em alta

As expectativas são como os melões, só depois de abertas é que se consegue perceber se o sabor é tão doce como o embrulho deixava antever.
Para já, após a tomada de posse da totalidade do Governo de Luís Montenegro, as expectativas são altas para os transmontanos.
Desde logo, pela relação umbilical que o próprio Primeiro-Ministro tem com o Nordeste Transmontano, pois o seu pai era natural de Rabal, uma aldeia às portas de Bragança e em pleno Parque Natural de Montesinho.
Mas o grosso das expectativas dos transmontanos estão depositadas em Hernâni Dias, o até agora presidente da Câmara de Bragança, após dez anos de mandato, que chega ao Governo como esperado.
Figura próxima de Luís Montenegro, a quem apoiou nas duas últimas eleições internas para líder do partido, dificilmente ficaria de fora do novo executivo governamental.
Depois de o distrito ter tido Sobrinho Teixeira e Isabel Ferreira como representantes diretos nos dois Governos anteriores (e Jorge Gomes no da Geringonça), cabe agora ao antigo autarca brigantino zelar pelo cumprimento das expectativas dos transmontanos.
Com uma carreira política em que subiu a pulso (foi presidente de junta de freguesia e delegado regional do Instituto Português da Juventude, chefe de gabinete de Jorge Nunes, vereador e, por fim, presidente da Câmara), Hernâni Dias chega ao Governo, aos 57 anos, para uma pasta que bem conhece, a da Administração Local, que integra o ministério da Coesão Territorial.
Os seus mandatos na autarquia brigantina pautaram-se por uma relação de proximidade precisamente com a administração local do concelho (presidentes de junta), o que se materializou na conquista de todas as freguesias nas últimas eleições autárquicas.
Agora, espera-se que a sua presença no Governo permita desbloquear situações como a estrada para a Puebla de Sanábria, uma das suas bandeiras pessoais dos últimos anos, bem como a ligação entre Bragança e Vimioso.
Para já, fica o alerta do Papa Francisco: “Seguindo os caminhos do prazer e do poder não se encontra a felicidade.” 
Os dados estão lançados e as expectativas criadas, resta saber a margem de manobra que Luís Montenegro vai permitir ao seu conterrâneo em matéria de apoios (euros) para desenvolver um trabalho meritório para esta região. Como dizia o ‘filósofo’ João Pinto, “prognósticos só no fim do jogo”.
Até porque as expectativas têm o condão de, às vezes, saírem furadas. A presença do sendinês Óscar Afonso nas listas da AD pelo Porto criou a expectativa de uma possível ida para o Governo. Mas a ligação, em regime de exclusividade, à Universidade do Porto (é diretor da Faculdade de Economia) terá impedido o salto, até, para o Parlamento.

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