A opinião de ...

A propósito do tempo.... As previsões e as reações!...

Não obstante Portugal ser geograficamente pequeno, apresenta inúmeras diversidades, sendo que uma delas tem a ver com clima. As diferenças são evidentes. Mas não serão tão significativas como, por vezes, as mediatizadas!... Sobretudo quando se trata de encenar estados de frio polar, gelo e neve. Há órgãos de informação que parecem ávidos de que as previsões meteorológicas anunciem tempo de inverno “duro”, com neve, frio e afins, para se lanaçarem, de imediato, na “caça” à reportagem fácil, tentando convencer os entrevistados de que o tempo está muito mau e que estão a viver/sofrer as agruras inerentes. Mas a postura inverte-se quando qualquer residente aceita com naturalidade o rigor do inverno, agora sem as agruras dos antigamente.
Seria salutar que as pessoas do litoral, sobretudo da capital, tomassem consciência que Portugal não é só Lisboa. Que, no Nordeste, se aceita pacificamente, o frio, ou o calor, enquadrados na respetiva época do ano, com que a natureza nos brinda. O tempo tem os seus ciclos. E o do inverno, do frio, gelo, também faz falta, e tem a suas vantagens. E são muitas, principalmente para o setor agrícola. É que, por exemplo, as árvores de fruto não devem florescer fora do seu próprio tempo. E aqui estamos preparados para as denominadas agruras invernais. Na sua normalidade, não são uma desgraça, mas uma “Graça”. Uma bênção de Deus, diria. E, depois, os nordestinos, não se sentem inferiorizados por tudo isso. Antes encorajados, resistentes ao frio, que cura os presuntos, o fumeiro, purifica os campos, ajuda a renovar o ciclo de vida da natureza, mesmo que fique vestido de branco, o lameiro. Até os lindos cenários decorrentes do frio, ou do gelo, devem ser difundidos como positivos/atrativos.
Com efeito, como em tantos outros contextos mediáticos potenciadores da imagem negativa do interior, também no que diz respeito à meteorologia, às previsões, às reações e às ações, assistimos, por vezes, a um desaproveitar dos tempos de antena e de espaços nos jornais que não serão úteis a ninguém, muito menos para a promoção destas regiões que, afinal, tem tantas coisas boas, lindas, apelativas, desconhecidas de uma boa parte dos alfacinhas e de muitos mais.
No tratamento destas questões, como de outras questões, a comunicação social deveria ser mais pedagógica, cautelosa, para não dizer rigorosa, na informação e não fomentar notícias, ou alimentar noticiários, com campanhas de negativa sensibilização que até acabam, por não se tornarem convincentes, para estas gentes.
Frio, neve, gelo, com invernos mais rigorosos e intensos, aconteciam há anos atrás, como, por exemplo, no meu tempo de criança, ou de estudante, em que a neve durava aos oito dias e nem era possível sair da aldeia, ou circular de carro, ou mesmo de trator. Com a agravante de as condições ao nível de conforto serem completamente diferentes.
Agora, que está a começar um ano novo, torna-se importante que sejamos capazes de refletir e perceber em que ponto se situa o equilíbrio. E da reflexão, a comunicação passe à ação, respeitando a livre opinião!...

Edição
3612

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