O flagelo da falta de professores
Em Portugal, a Educação, a Escola e o Ensino viveram, praticamente, sempre, um enorme drama, mas esse drama, não é a falta de professores. A falta de professores é o resultado do flagelo que a educação, a escola e o ensino foi vivendo ao longo dos tempos. Mas centrarei esta análise e visão nos últimos 51 anos, por ser a que eu vivi (nas diversas fases) e que melhor conheço. Permitam-me, pois, e desde já, esta afirmação menos polida que tentarei desmontar e polir numa análise e numa resposta ao Sr Ministro da Educação e à sociedade em geral.
Como todos sabemos a mentira tem sempre perna curta…. Os políticos que temos tido em Portugal não querem, em boa verdade e na realidade, saber nada sobre a educação, a escola e o ensino dos portugueses, nem saberem da forma como este grave problema se pode resolver… e, em vez de agirem, simplesmente, reagem ao sabor dos ventos e da contestação. Nos muitos mandatos governamentais dos últimos 51 anos, nunca fizeram um pacto educador a longo prazo para resolver este problema estrutural e não só conjuntural. Isto está-lhes nos genes a todos… Já no tempo da outra senhora era o que era. E era assim para que o povo fosse ignorante e não fosse culto e capaz de dizer a sua própria palavra, para que o dono daquilo tudo, na altura, pudesse fazer o que quisesse sem contestação…
Hoje, a ideia obscura é a mesma. Alimentar o povo a subsídios vindos da Europa, pôr os portugueses uns contra os outros, fomentando a inveja, criando mecanismos para dividir e reinar e dessa forma continuarem a fazer, os que nos governaram nestes últimos 51 anos, NADA. Nada pela educação, nada pela escola, nada pelo ensino e nada pela valorização destes pilares fundamentais, logo, consequentemente, nada pela valorização de todos os portugueses e do país. Contudo, importa ser sério e dizer que, até hoje, tivemos, na minha humilde opinião, após o 25 de abril, três honrosas excepções: Roberto Carneiro, Marçal Grilo e Guilherme d’Oliveira Martins…Todos os outros foram, incrivelmente, e, extremamente, desagradáveis, sobretudo, para com aqueles que são, a par dos alunos os pilares da educação em Portugal. Nunca quiseram perceber o problema estrutural que estavam a criar. Esse problema resumo-o da seguinte forma: ao encerrarem licenciaturas na área do ensino, com o argumento de que existiam muitos professores (o que até era verdade), desfalcaram a atualidade do resultado dessa formação. Então o que deviam ter feito? Como é sabido, desde a metade da década de 80, com a projeção e crescimento do ensino superior politécnico e dos cursos via ensino nos politécnicos e, também, nas universidades, até 2007, entre público e privado, formaram-se aos milhares por ano e de repente tudo parou. Ora, em vez de terem encerrado pura e simplesmente os cursos, deviam ter diminuído o número de vagas para entrar nesses cursos. Portanto, nunca deviam ter encerrado, em 2007, de vez e durante mais de 10 anos a formação de professores. Isto foi, na minha opinião, a primeira grande machadada para a atual crise de professores. Na altura fui um dos que avisou nas minhas investigações de leigo, que o caminho não era esse…. Esqueceram-se esses governantes e os que se seguiram que há sectores em que não se governa a um mandato, mas para o futuro e que o futuro na Educação iria ter alguns problemas dos quais enumero os seguintes, por não ser sequer necessário fazer-se nenhum doutoramento para se perceberem:
- as reformas anuais dos professores;
- os vencimentos dos professores não acompanharem a inflação real e a capacidade de pagarem uma renda e terem família;
- a falta de reconhecimento do que é um professor como ser social, cultural e científico que fazem os países serem grandes (a educação é o maior pilar para o desenvolvimento de qualquer país).
(continua na próxima edição)