Editorial - António Gonçalves Rodrigues

O ser e o parecer

Há um ditado popular, atribuído ao imperador romano Júlio César, que o povo utiliza muitas vezes. Diz o dito que “à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecer”.
Quer isto dizer que, no campo da perceção com que o povo fica dos acontecimentos, não basta só ter uma atuação impoluta, é preciso que essa atuação impoluta dos atores públicos fique escancarada aos olhos de toda a gente. Porque de pouco serve uma atuação impoluta se o povo não tiver dela conhecimento.


Os dons de adivinhação e os projetos de prospeção mineira em Trás-os-Montes

A dois dias de terminarem as sessões de esclarecimento das populações das freguesias afetadas pelos projetos de prospeção mineira a decorrer nos concelhos de Bragança e Vinhais, continuam a sobrar mais dúvidas do que certezas, mais perguntas do que respostas.
A última sessão decorre amanhã à noite em Carrazedo, freguesia que está no olho do furacão.
Nos últimos dias, até figuras insuspeitas como o economista Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, vieram alertar para o perigo que estes projetos representam para as populações transmontanas.


Um futuro pouco transparente

Imagine, caro leitor, que alguém lhe diz que na próxima sexta-feira lhe vai sair o Euromilhões. Só tem de deixar que esse ‘alguém’ jogue por si, com os seus dados, em sua casa. Mas que, se não sair nada, não se preocupe, porque nada perde. É que até os 2,5 euros será esse ‘alguém’ a suportar. E se sair o primeiro prémio, será partilhado consigo…
Nas aldeias, os transmontanos tinham, em tempos, um ditado que descrevia na perfeição este tipo de situações. “Quando a esmola é demais, o santo desconfia.”


Mercado não tem leis no Nordeste Transmontano

No segundo do curso de Comunicação Social da Universidade do Minho havia uma disciplina considerada um daqueles ‘cadeirões’, que tinha sempre mais alunos do que lugares disponíveis. Era introdução à economia.
Claro que essas aulas, com alguma componente de números à mistura, eram de digestão mais difícil para os alunos oriundos dos cursos de Humanidades do Secundário, em que se vencia a matemática por falta de comparência do adversário.


Siga a Marinha...

Com a promessa de aprovação do Orçamento de Estado, o mês de novembro, que se antevia explosivo para Portugal, tornou-se, de repente, numa acalmia generalizada.
Os espaços de comentários nas TVs, que ameaçavam duelos encarniçados, andam, agora, sem rumo, à procura de novos temas para tanto comentador.


O respeito e a confiança

Já há quase 500 anos que um tal de Luís Vaz, que ficou para a História simplesmente como Camões, escrevia que um “fraco líder faz fraca a forte gente”.
Para mal dos nossos pecados enquanto portugueses, ao longo de 900 anos de História como país, o que não têm faltado são “fracos líderes” que vão fazendo fraca a forte gente que pulula aqui neste cantinho à beira mar plantado.
Em campanha, Luís Montenegro, entretanto eleito primeiro-ministro, garantiu ter traçado ‘linhas vermelhas’ relativamente ao Chega.


Liberdade, onde vais?

Na década de 1990, João Aguardela e o seu grupo Sitiados cantava uma ode ao soldado.
“Ai, esta eterna guerra
Ai, que me obriga a ser soldado
Já vejo a bandeira erguida
Já sinto a dor companheira

Ai, neste mar fico tão só
Por este mar
Liberdade onde vais?
Liberdade onde cais?

Esta luta é por te amar
(...)”


Que futuro queremos enquanto sociedade

Quando se discutem mudanças, a resistência é uma constante. É natural. O Ser Humano é avesso à mudança, mesmo quando mudar é positivo e necessário para evoluir e a situação se adaptar aos novos tempos.
No entanto, a primeira reação à mudança é sempre de resistência.
Isso leva a que, muitas vezes, as mudanças, necessárias, acabem por ser mais impositivas do que naturais. E, depois, dá-se o caso de, muitas vezes, as mudanças serem provocadas pela fatalidade.
Veja-se a área da saúde ou da educação.


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