Democracia: entre a retórica e a realidade
A histeria é um vício antigo da política portuguesa. Basta alguém sugerir uma revisão constitucional – mesmo que dentro dos limites mais conservadores – para que logo surjam os arautos do apocalipse a clamar o fim da democracia, o regresso do salazarismo, ou, pior ainda, uma distopia à la Orban. As eleições de 18 de Maio deram à direita parlamentar, pela primeira vez em meio século de democracia, a possibilidade matemática de rever a Constituição sem o aval do PS. E foi quanto bastou para que os supostos defensores da democracia, em bicos de pés e com o nervo sensível, soassem o alarme.