A opinião de ...

2 - A ameaça eminente da falta de água, que já nos entrou pela casa adentro.

É uma verdade do tamanho duma casa que, para poupar, é preciso ter o que poupar.
A não ser assim, é andar a brincar com coisas sérias e a gozar com as necessidades e a boa fé das pessoas, caraterísticas da maneira desastrada como por cá se continua a enfrentar a necessidade de adotar medidas sérias para reverter a atual crise de falta de água que, para além de Portugal, já afeta tantos países da Europa, situação insustentável a que, duma vez por todas e com todas as letras, é urgente dizer basta.
Basta de permitir que haja municípios onde, inexplicavelmente, o desperdício de água tratada atingi os escandalosos 70% ;
Basta de continuar a reter uns ridículos 4% do caudal médio do rio Tejo, permitindo que 93% se percam inutilmente no Mar;
Basta de continuar a impedir que os agricultores da bacia do Tejo construam as estruturas indispensáveis para a rentabilização da água do rio;
Basta de impedir que, com o argumento peregrino de proteger ratos, coelhos, rãs, salamandras, peixinhos e quejandos, se inviabilize a construção de mini hídricas para aproveitamento integral da água das chuvas, a única maneira de ir tendo água para garantir condições mínimas de subsistência para a espécie humana;
Basta de considerar como linhas de água muitos declives, onde nunca correu uma gota dela, e que não passam de matagais inúteis e inacessíveis;
Basta de interferências estranhas e abusivas na gestão das águas das populações locais por quem não sabe distinguir uma charca dum ribeiro;
Basta de considerar a atual falta de água como um problema do futuro porque, inexoravelmente, esse futuro, aqui e agora, já era ontem;
Basta de, teimosamente, continuar a apostar na solução irracional de extrair água das entranhas da terra através de furos gigantescos, capazes de, a curto prazo, esgotarem totalmente as depauperadas reservas freáticas de água que, como deviam saber, não são infinitas;
Agora, fatalmente e sem retorno, para tentar minorar os efeitos desta crítica situação que ameaça toda a humanidade, a única hipótese que resta é o aproveitamento total e a utilização prudente e criteriosa de toda a água das chuvas, evitando, a todo o custo, o desperdício duma única gota;
Esgotado que está o tempo de passar a vida a olhar para o céu, como bois para um palácio, pedindo aos nossos santinhos que nos mandem sol na eira e água no nabal, chegou a hora de romper com as teorias e fantasias do passado recente e de fazer tudo, em toda a parte e de todas as maneiras e feitios possíveis para criar as condições necessárias para que toda a água das chuvas possa ser recolhida e utilizada sem desperdiçar uma única gota.

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