Editorial - António Gonçalves Rodrigues

O custo da ignorância

Este ano, fruto de alterações introduzidas ainda pelo Governo anterior, houve uma quebra acentuada de candidatos ao ensino superior, contrariando um movimento de crescimento que se vinha registando.
O impacto foi especialmente sentido, como de costume, pelas instituições do interior do país, com os efeitos lógicos que isso tem para as economias locais.


Vira o disco toca o mesmo

Em 2017, o país atravessou um período de seca severa, tal como já acontecera em 2010 e, antes, em 2005.
Durante meses, a chuva teimou em não cair, deixando os campos e as florestas sequinhos, sequinhos, à espera de uma chama para explodir.
Em 2025, o tempo até começou por ser clemente, com a chuva a cair em abundância durante o inverno e a primavera, permitino reforçar caudais, recuperar fontes e nascentes e colocar as albufeiras e barragens com valores acumulados perto dos seus máximos.


Definição de loucura

Diz o povo que, um dia, Albert Einstein traçou uma definição simples para a loucura. Não tem a ver com penteados.
Terá dito o afamado cientista que loucura é insistir repetidamente nos mesmos atos esperando resultados diferentes, assim como quem bate repetidamente com a cabeça na parede à espera que lhe passe a dor.


Caça ao candidato

As próximas semanas, até ao dia 18 de agosto, prometem ser animadas. Com o prazo para o fecho das listas de candidatos às eleições autárquicas, e com várias candidaturas independentes pelo distrito fora, às quais se somam as de outros partidos que habitualmente não concorriam (Chega e Iniciativa Liberal, por exemplo), aperta o cerco a eventuais candidatos ou proponentes de listas.
Em vários concelhos e, sobretudo, ao nível de freguesias, começa a ser difícil encontrar gente suficiente para assinar as listas, quanto mais para as integrar.


Anúncios estratégicos

Quando se aproximam atos eleitorais, qualquer anúncio de algum organismo público corre o risco de ser entendido como campanha encapotada.
Foi a pensar nisso mesmo que, ainda este ano, em março, a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC), divulgou uma nota em que pedia que fossem observados alguns cuidados, sobretudo antes das eleições autárquicas.
“Inclui-se na proibição legal a divulgação de qualquer ato, programa, obra ou serviço, que não corresponda a necessidade pública grave e urgente”, lê-se no ponto 13.


Uma região inteira a definhar

O povo costuma ser sábio naquilo que diz e, desde há muito, o povo vai dizendo que “não há pior cego do que aquele que não quer ver”.
A impressão que dá, olhando para as políticas públicas dos últimos 15 anos (para não dizer dos últimos séculos), que atravessaram vários partidos na governação, é que sistematicamente o Interior do país tem sido cada vez mais votado ao abandono. E, a manter-se a atual trajetória, dentro de poucos anos, mais de metade do país será um imenso parque natural, mas sem habitantes.


Verão começa a aquecer

O ciclo é conhecido e pouco há a fazer para o evitar. A cada quatro anos, os verões têm tendência a serem mais quentes do que o habitual, independentemente da temperatura que faça lá fora.
Sempre que há eleições autárquicas, é certo e sabido que há chatices no ar.
Sendo umas eleições de maior proximidade e que envolvem muitos candidatos (às Câmaras, às Assembleias Municipais e às Assembleias de Freguesia), mexe sobremaneira com as emoções das pessoas.
São amizades que se desfazem, famílias que ficam de costas voltadas e até casamentos que ficam tremidos.


O Estado deve estar presente no território

A presença do Estado no território, em todo, todo, todo o território, deve ser efetiva.
Aquilo que temos assistido ao longo dos últimos 50 anos, com especial enfoque nos últimos 15, é a progressiva fuga do Estado do território, cada vez mais votado ao abandono.
A retirada de serviços é como a retirada de soldados em tempo de guerra, deixando o campo de batalha ao abandono e à mercê do inimigo.
A função do Estado é estar presente para todos os cidadãos, até porque todos eles são chamados a contribuir para o bem comum, através do pagamento de impostos e de serviços.


‘Meus senhores, liguem os vossos motores”

Ultrapassadas umas eleições legislativas com quem ninguém contava tão cedo, o ambiente já cheira novamente a eleições. Agora, a autárquicas.
Estas são, por excelência, umas eleições de grande participação popular, em várias fases do projeto, desde a escolha de candidatos, à elaboração de listas até à ida às urnas no dia do ato eleitoral.
Desta vez, os candidatos não são umas figuras que aparecem na televisão, longe do povo, mas antes o cidadão comum, o amigo de todos os dias, o vizinho, o primo ou o irmão.


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