A opinião de ...

2 - Aumento do IUC? É esperar para ver

Na recente feira da castanha em Vinhais, questionado pelo semanário Mensageiro de Bragança sobre a oportunidade, a sustentabilidade e a equidade do aumento do IUC dos carros anteriores a julho de 2007, o ministro da economia, numa mescla da candura e do atrevimento dos ignorantes, com manifesta e lamentável falta de sensibilidade, defendeu-se com a desculpa esfarrapada de que tal aumento resultava dum compromisso para a descarbonização, assumido com UE.
Mas, será que é mesmo assim? Vamos por partes.
Sem por em causa a necessidade imperiosa de reduzir as emissões de gases de estufa, defender o amento do IUC sobre carros Classe A matriculados até julho de 2007, vinda de quem veio, uma justificação deste calibre, não passa duma aberração sem pés nem cabeça, ao nível do pior com que o país está a ser brindado com demasiada frequência.
A contestação à manifesta inabilidade deste membro do governo, que foi apresentado como um ministro de top, com todas as condições para fazer um grande trabalho num ministério chave como é da economia e do mar e, pensarão alguns, só não também do ar porque, ao que consta, este senhor ministro, não estará preparado para pilotar os aviões da TAP em viagens de longo curso, e ainda bem, dirão outros, porque seria um desperdício investir tanta competência na gestão duma empresa sem presente nem futuro, a não ser… que fosse para a deitar definitivamente abaixo.
Mas como prometido, foquemo-nos na sua recente e, a todos os títulos desastrada passagem por Trás-os-Montes, de cuja análise atenta, fica cada vez mais evidente o fiasco da sua nomeação, resultado lamentável de um casting mal resolvido, uma ideia evidenciada pela maneira como aborda e defende as grandes questões, de que é exemplo paradigmático a ideia peregrina do aumento do IUC.
Sobre o IUC, pela enorme controvérsia gerada à sua volta que, já atirou para segundo plano a discussão do OGE/2024, com base nas explicações ridículas dadas em Vinhais permito-me perguntar-lhe se, por acaso, não se lembrou de que:
1 - A Constituição, em defesa da justiça e da equidade impõem a obrigação da proporcionalidade nas decisões, decisão em que, ao aplicar a mesma taxa tanto a um carrinho bem afinado que faz por ano poucos quilómetros, como a um carrão desafinado que faz por ano muitos milhares, bebe que nem uma esponja e produz mais fumo que um comboio a carvão, desculpe, mas “meteu mesmo o pé na poça”
- Há carros com muita idade, capazes de durar muitos anos bem conservados, que andam pouco por ano, mas são indispensáveis em atividades produtivas como a construção civil, a lavoura e outras, a cujos donos, só por gozo se entende que, a troco de “generosos 3 mil euros” lhes fosse sugerido o abate e a compra dum carro elétrico novo, que pode custar dezenas de milhares de euros, dinheiro que eles não têm, enquanto há antigos carrões de luxo que, por mera exibição, alternando com os modernos top de gama, fazem milhares de quilómetros e queimam pipas de combustível?
Com a promessa de que para a semana há mais, hoje ficamos por aqui.

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