A opinião de ...

À deriva e sem rei nem roque, o que esperar do SNS

Numa sua ânsia desmedida de protagonismo, os políticos continuam a ocupar as primeiras páginas da imprensa, açambarcar os tempos nobres das televisões, e é vê-los pelo país fora, de terra em terra, de festa em festa e de feira em feira, vendendo promessas e mais promessas, tornando-se mais ridículos e repetitivos do que os antigos vendedores da banha da cobra, os quais se limitavam vender o seu miraculoso produto.
Sem qualquer respeito por quem os ouve e preocupados apenas com a sua autopromoção, fazem a sua praia e montam as suas bancas em áreas sensíveis como a habitação, o custo de vida, a educação, a segurança, a justiça, o desemprego, os impostos e, muito particularmente a saúde, terreno fértil para semearem as suas promessas e ilusões, que não passam de parangonas irrealistas, sofismas e meias verdades sem pés nem cabeça que sabem que nunca poderão cumprir, e que apenas são aceites pelos seus apaniguados, dependentes da partidocracia, pessoas que, para atingir os seus objetivos, até têm prazer em ser enganadas, bastando que alguém lhes prometa tachos de papas e caixas de bolos, situação recorrente e preocupante na área da saúde, em finais do primeiro quartel do século XXI.
Mas acaba por ser este a causa e o espelho da saúde que não temos, fruto dum Serviço Nacional de Saúde, o qual, cada vez mais, se caracteriza não pelo muito que devia fazer e fazer bem, mas pelo pouco que faz mal.
Explicações honestas, responsáveis e objetivas para este fiasco nacional em que deixaram afundar isto que, pomposamente, continuam classificar como um serviço modelar, mas que, em boa verdade, se resume num sorvedouro insaciável de milhões de euros, sacados, sem dó nem piedade, das migalhas que vão restando nos fundilhos dos bolsos duma classe média à beira do colapso que, sabe-se lá até quando continuas a ser mais espremida que o bagaço da azeitona nas prensas hidráulicas dos modernos lagares de azeite.
Esta, e honestamente não há como esconder ou negar, é a realidade atual, nua e crua deste, como de tantos outros sectores vitais dum pequeno país como Portugal, sem passado recente que se recomende para o qual, a continuar tudo assim, não se divisa a esperança de um futuro melhor.
Pessimismo? Como gostaria que assim fosse.
Mesmo assim, porque a experiência colhida durante o mês de agosto no contacto direto com as gentes do interior do nosso nordeste transmontano, a região do país mais ostracizada e esquecida pelo poder central, não deixa grande margem à esperança e fica há muito pano para mangas, sempre que for possível e oportuno, fica a promessa de lá voltar.

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