A opinião de ...

“Eu é que me expressei mal”

Como? Um Chefe de governo a expressar-se mal!

Por mais estanho que pareça, sobretudo para os admiradores da maneira habilidosa como o Primeiro Ministro de Portugal costuma evitar as questões mais delicadas e desvalorizar as perguntas mais incómodas com que é confrontado no exercício das suas funções, sem tirar nem por, foi falando assim que ele tentou desculpar-se perante os deputados da A.R.
Só que, desta vez, para seu desgosto, gáudio e gozo das oposições na Assembleia da República, as coisas não lhe correram de feição e, o que nele até nem era muito comum acontecer, desta vez foi apanhado em falso, acabando por se se estender a todo o comprimento.

Manifestamente embaraçado pela surpresa das questões com que se viu confrontado e visivelmente mal preparado para abordar o tema da futura privatização da TAP, levantado no debate quinzenal do passado dia 18 do corrente, quando as oposições o confrontaram com a necessidade de dar esclarecimentos sobre a propalada notícia da próxima reprivatização da TAP, como sempre muito incomodado sempre que bem à colação a, para si, malfadada questão TAP, cujo passado, presente e, ao que tudo indica, futuro, são a prova irrefutável do fiasco total em que, na maior parte dos casos, acabam as intervenções do estado na vida das grandes empresas, situação que, ao que tudo indica, poderá repetir-se na intenção de avançar com a privatização da TAP, já considerada como o fantasma e a besta negra da governação PS.

A ser assim, para interromper série negra de falhas e contradições ridículas, em que, com demasiada e lamentável frequência, nada prestigiante para a segunda figura do estado, por favor, do que não sabe ou do que já se esqueceu, de que é exemplo flagrante o que tem acontecido sempre que resolve falar e meter-se a dar palpite sobre o que não deve, neste caso vertente da TAP, lembre-se, Sr. Primeiro ministro que o melão calado é o melhor.

Por respeito por si próprio e pela dignidade das funções em que foi investido, antes de se pronunciar sobre um assunto desta grandeza, que mexe com os interesses do país e dos quase dez milhões de portugueses, a quem antes ninguém perguntou se estavam interessados em que mais de três mil milhões de euros dos seus impostos, para satisfazer a vaidade de uns poucos e a teimosia de outros tantos, fossem metidos na TAP e mandados para o ar sem paraquedas, sem que houvesse alguém que, responsavelmente, pudesse garantir, pelo menos, o retorno de um valor igual ao que nela foi injetado que, dividido pelos cerca de dez milhões de portugueses, daria, em média, a cada proprietário dos popós mais velhinhos, a quantia suficiente para resolver o problema da poluição atmosférica causada por essas relíquias, e dar aos seus proprietários o prazer e a vaidade de as trocarem pelos carrinhos elétricos da última geração e que, a não ser assim, estamos conversados.

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