Galileu e as suas luas
Galileu Galilei (1564-1642) foi um grande cientista que influenciou diferentes áreas do conhecimento. Nasceu em Itália e foi dos primeiros a usar o método científico nas suas pesquisas.
Entre outras coisas, estudou a velocidade dos corpos. Para sabermos a velocidade média de um corpo temos de medir a distância percorrida por ele e medir o tempo que demorou a percorrê-la. Tempo? ... Em 1600? ... Como se media o tempo sem relógios? Nessa altura o tempo pesava-se! Sim, caro leitor, usava-se uma clepsidra, ou “relógio de água” (recipiente com água ligado, na base, a uma mangueira), um copo e uma balança. Da clepsidra fazia-se gotejar água e esta era recolhida no copo; quanto mais água gotejava, mais tempo passava e, assim, o peso da água dava a medida do tempo. Daí a expressão “pesar o tempo”, que só desapareceu aquando da generalização dos relógios.
Aqui, realço a dificuldade em manter a abertura da clepsidra (eventualmente, constituída por tripa de algum animal), sempre do mesmo tamanho, para os resultados poderem ser rigorosos, fiáveis e reprodutíveis.
Outra área do conhecimento, associada a Galileu, é a Astronomia. Relativamente ao telescópio, Galileu não foi o seu inventor. Só em 1609 é que trabalhou com este invento, proveniente da Holanda. Ainda assim, construiu a sua própria versão deste aparelho, com uma capacidade de ampliação 30 vezes maior que os modelos da época.
Assim, Galileu foi o primeiro a usar, sistematicamente e com intencionalidade, o telescópio para observações astronómicas. Verificou que havia manchas no Sol, que Vénus tinha fases semelhantes às da nossa Lua, que a Lua não era lisa, mas sim composta por vales e montes e ainda que a Via Láctea era um conjunto de inúmeras estrelas.
No que concerne às luas do planeta Júpiter, Galileu viu-se envolvido numa disputa com o astrónomo alemão, Simon Mayr (1573-1625). A história começou com a publicação do livro Sidereus Nuncius, em 1610. Neste, Galileu, assinalou a descoberta das quatro luas mais conhecidas de Júpiter.
No entanto, Mayr alegou ter observado e registado nos seus apontamentos, em 1609, as mesmas quatro luas de Júpiter, embora somente publicasse os resultados das suas observações cinco anos depois, no livro Mundus Iovialis.
Quando este livro foi publicado, Galileu acusou Mayr de plágio. Porém, Mayr não só investigou independentemente de Galileu, como foi mais rigoroso nos resultados obtidos.
A disputa que os dois cientistas mantiveram foi resolvida anos depois, batizando as quatro luas de Júpiter como luas de Galileu, mas os seus nomes correspondem aos propostos por Mayr: Europa, Io, Calixto e Ganímedes.
Desta forma, a Ciência presta homenagem a Simon Mayr, um cientista que passou despercebido, apesar de ter desenvolvido estudos relevantes para a Astronomia.
Como conclusão, realço as disputas pela autoria de uma nova descoberta, ou teoria, dos homens e mulheres da Ciência, cujos incidentes e peripécias são mais frequentes do que julgamos.