Henrique Manuel Pereira (Universidade Católica Portuguesa, Escola das Artes)

Hirondino da Paixão Fernandes Vénia, gratidão e memória

(continuação da edição anterior)
Os livros falam sempre de outros livros. Também os seus volumes falam de outros volumes, livros, revistas, jornais, sítios eletrónicos. Deve entrar-se neles com demora e solenidade. Num vórtice de signos intertextuais, ecos, ressonâncias e vozes que se complementam, Hirondino Fernandes faz-nos partícipes dum diálogo vivo. Aqui e ali, em relances fugidios, vislumbram-se ações e engenhos de detetive ou caçador. A sua obra não é exibicionismo de recolector erudito. É partilha de uma viagem pela substância do tempo.


Junqueiro e a festa da Margarida

Margarida Valle, conceituada e muito estimada bailarina portuense, depois de uma notável carreira nacional e internacional, achou por bem partilhar o seu saber, fundando, para o efeito, um Estúdio de Dança. No passado fim de semana, sábado e domingo, no auditório do Conservatório de Música do Porto, o Estúdio de Dança Margarida Valle celebrou mais um aniversário: 33 anos a formar, com invulgar sensibilidade, rigor técnico e artístico, várias gerações de bailarinos.


Manuel Sardenha Poeta, Padre e Republicano (I

Terá sido por meados do decénio de 90 do século passado que me encontrei com ele; melhor dito, que dei com o nome dele. Foi isso ao mergulhar num pequeno jornal literário, publicado em Coimbra, com o subtítulo “Microcosmos literário”, pitorescamente batizado pelo seu diretor, João Penha, de A Folha. Ali publicou Guerra Junqueiro, com 18 anos acabados de fazer, uma extensa composição poética, em cinco partes, com o título O livro de um doido (Excerto). Foi, de resto, a primeira composição que publicou em A Folha e a única em que usou pseudónimo (Vasco Hermínio).


Um livro honesto e corajoso. A afirmação de um retrato

Gosto de livros. Gosto de oferecer livros e gosto que mos ofereçam. Gosto que os meus amigos os publiquem e gosto que gostem, que tenham “proa”, nos livros que publicam. Assim escrevi eu aqui há dias. Hoje acrescento: gosto deles honestos, não necessariamente verdadeiros, mas honestos, escritos por homens ou mulheres com coluna, capazes de escrever o que pensam ainda que o que pensam não caiba nos códigos vigentes.


A discriminação de Cervantes “E o burro sou eu?”

Sabem os meus amigos que “Dom Quixote de la Mancha” é provavelmente o meu livro, o que levaria para a “ilha”, o que gostaria de ter escrito, podendo morrer no instante a seguir, com os olhos a rir e a assobiar, enquanto o fôlego me assistisse, o “Gabriel’s Oboe” de Morricone. Mas uma coisa do livro me anda atravessada e só me dei conta disso há pouco tempo.


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