Paulo Cordeiro Salgado

A Música e o Mundo distópico

Quantos compositores nos sensibilizam através da sua Música…fazendo apelo à solidariedade, à amizade, à fraternidade, nunca desejando incutir maldade ou ódio! Vejamos o que nos disseram alguns conhecidos compositores.
«A música é minha vida e a minha vida é a música. Quem não entender isso, não é digno de Deus» – Amadeus Mozart. Proximidade ao amor, ao divino.


Contrastes

1. Eu vi. Poisadas, milhares, milhões de flores em Green Park. Posso fazer uma ideia: imagino um milhão de pessoas que vão passando, cada uma trazendo um ramo de um quilograma. Quanto dá?…Ali ao lado, na Regente Street, um homem seminu (só com calças; recordo que onde vi mais home less – não é de pasmar! – foi em NY, sim, na cidade de extremos) aguarda que algumas moedas caiam no copinho de cartão. Por certo, poucas tocarão no fundo do copo, apesar do movimento de pessoas.


Josete Fernandes - a propósito da sua exposição de pintura em Bragança

Cedães, uma aldeia do concelho de Mirandela. Um pormenor: uma casa na Rua da Igreja, sobranceira à ribeira que corre em baixo. Passei lá há dias: o tempo tem sido rude e a ribeira vai seca! (o tempo há-de esturricar-nos a todos...). Fomos recebidos pela terceira vez, a minha mulher e eu, pelo casal Josete e Miguel. Bebido um copo de água fresca na varanda, descemos ao piso inferior, onde está instalado o atelier de Josete Fernandes. Naquela divisão da casa, respira-se a frescura do ambiente, misturada com as tonalidades frescas dos trabalhos da pintora.


O Erro de Descartes e o pastor – de novo, as emoções

Desce as arribas do Sabor, agarrado ao seu pau, liso, gasto de décadas, uma bela vara de olmo, as ovelhas pastando aqui e ali, metediças, a espreitar a erva do terreno vizinho – é sempre assim, até os animais têm estes gostos. Ele, o meu amigo pastor, lança a pedra com perícia e afasta os seus animais.
- Põem-se doudas quando miram a erva noutras partes; cá pra mim, elas têm quereres que às vezes fazem lembrar algumas pessoas que gostam de ter o que não lhes pertence – atirou-me, quando me aproximava, chegando à sua fala.


O mundo das emoções

Quando escutamos os grandes fados de Amália ou de Carlos do Carmo; quando lemos uma obra de Torga ou de Mia Couto ou de Eugénio de Andrade; quando olhamos as pintura de Nadir Afonso ou de Graça Morais ou de Josete Fernandes; quando apreciamos uma calçada portuguesa desenhada por um canteiro ou um ajardinamento floral recortado algures por algum perito nesta arte; quando nos sentamos diante da obra de mestre Afonso Domingues que traçou o Mosteiro da Batalha; quando descemos os socalcos do Côa para apreciar as pinturas rupestres – ficamos extasiados, emocionados.


Uma história verdadeira

Olossato, tabanca (aldeia) e aquartelamento da tropa portuguesa. Guiné, 1970, algures no centro do território. Animata é nome de mulher fula - uma das várias etnias guineenses. Senhora com cerca de 40 anos. Um dos filhos alistou-se no movimento libertador; outro permaneceu na tabanca controlada pelo Exército Português, alistando-se nas fileiras da tropa colonizadora. Como se sentiria esta mulher, perante um ataque ao aquartelamento? Um filho, eventualmente atacando as nossas tropas, outro, defendendo-as, em nome da pátria portuguesa…!


O escritor Campos Monteiro – uma revisitação

Reli aspetos da obra “Cultura – Tudo o que é preciso saber”, de Dietrich Schwanitz, ensaísta alemão (1940). O título parece-me excessivo, como se fosse possível envolver “tudo sobre cultura”, porque o fenómeno cultural é multivariado, popular ou erudito. Schwanitz faz uma viagem por diversos fenómenos da cultura europeia, por vezes muito documentado, outras com pincelando, outras esquecendo os contributos de portugueses que ousaram conhecer e espalhar culturas pelo Mundo. Não há despeito, mas, geralmente, somos esquecidos pela grandiloquência dos grandes nomes.


Belicismo

Delenda est Cartago (é preciso destruir Cartago) - a célebre frase de Catão, o Velho, que terminou a sua vida pública como “censor” (o grau mais elevado da hierarquia política romana (234 – 149 a.C). Catão defendia o aniquilamento da florescente cidade-estado Cartago, destruída no final da terceira guerra púnica. A rivalidade entre Roma e Cartago, como bem recordamos, derivava do desejo de dominar o Mediterrâneo. O poder, sempre o poder.


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