Mas ... pra quê?
A D. Manuela (Ferreira Leite) sugeriu em tempos, suspender a democracia por 6 meses. Lembram-se? E eu defendo que as eleições autárquicas são, perfeitamente, dispensáveis e desnecessárias. É que vistas bem as coisas o resultado vai dar sempre a 308 ditadurazecas concelhias.
É verdade que as aldeias estão cada vez mais com menos gente ao ponto de, em dezenas de freguesias ser cada vez mais difícil fazer listas. Depois ao longo do mandato o objectivo deixa de ser resolver os problemas das populações e passa a ser mudar para o partido de presidente da Câmara.
Por outro lado a presidente da Câmara (depois de eleito) deixa de estar preocupado com o seu concelho e passa a estar preocupado em ganhar as próximas eleições em todas as freguesias e em que todos os presidentes de Junta sejam de seu partido. E se teimarem em não mudar para o seu partido, no mandato a seguir, não levam nem 1 cêntimo.
O poder autárquico é cada vez mais centralista, ditatorial, prepotente e pidesco. Em questões autárquicas quem não é por mim é contra mim é o que pensa a maioria dos presidentes.
Se há uma Junta que teimou em eleger um presidente contra o partido do presidente da Câmara é certo e sabido que durante esse mandato essa J.F. só recebe as verbas que a lei lhe atribui.
Fora isso nem um cêntimo. E dessa forma, talvez no próximo mandato essa J.F. escolha um presidente do partido do presidente da câmara. É isto que temos visto nos últimos 30 anos. Por isso é que eu entendo que todos os partidos aprenderam com o PCP os comportamentos ditatoriais e as atitudes stalinistas e persecutórias.
O comportamento do PSD e do PS nas autárquicas é, em tudo, semelhante ao comportamento do PCP nas suas autarquias: quero, posso e mando. E se não acreditam vejam o que se está a passar no concelho de Bragança quanto à elaboração das listas às juntas de freguesia.
Não há diferença de actuação e de comportamento entre o presidenta da câmara de Setúbal (PCP), o presidente da câmara de Vila Real (PS) e o presidente da câmara de Bragança (PSD).
Por causa disto é que a reforma do sr. Miguel teve o sucesso que teve.
Basta ver o resultado da reforma administrativa do sr. Miguel no concelho de Bragança. Por mais tantinho tínhamos Pombares como sede de freguesia sozinha. E porque? Porque houve presidentes de junta que tiveram medo das anexações e pressionaram Jorge Nunes para que fosse assim. É que doutra forma muitos deles tinham ido com «os cantares da segada». E assim temos Rabal como temos; França como temos; Gimonde como temos; Meixedo na Sé e Santa Maria; Alfaião como temos; São Pedro como temos; Samil como temos; Rebordãos como temos; Gostei como temos e Castro de Avelãs como temos.
Mas temos Pombares em Rebordainhos quando poderia e deveria integrar Quintela. Mas a ignorância do Sr. Miguel tinha de ser acompanhada pela incompetência e pelo oportunismo de uns “peões de brega” locais à boa maneira dos espantalhos que se punham nos mornais do centeio por causa dos pardais.
Mas podia ser de outra maneira? Claro que podia. Um dia havemos de ver a outra maneira.
É possível fazer política com ética, com dignidade e com seriedade? Claro que é!
Na política não pode valer tudo. Caso contrario havemos de ver, no nosso regime democrático, uns erdogans, uns lepenes e uns maduros mais depressa do que alguns julgam. Por isso pra encurtar o caminho, esse, eu pergunto eleições autárquicas... mas p’ra quê?