Padre Manuel Antunes: Uma educação para pensar o mundo
legado de um dos maiores pensadores portugueses do século XX e a urgência de uma formação humanista e crítica para as novas gerações.
(continuação da edição anterior)
legado de um dos maiores pensadores portugueses do século XX e a urgência de uma formação humanista e crítica para as novas gerações.
(continuação da edição anterior)
O legado de um dos maiores pensadores portugueses do século XX e a urgência de uma formação humanista e crítica para as novas gerações.
Na vida tudo começa e acaba nas emoções. As emoções não só contagiam, como também manipulam e condicionam o que pensamos. E a verdade é que a nossa mente está mais programada para ver o mal do que o inverso. Então, o que fazer? Primeiro, há que reconhecer esta nossa condição e, concomitantemente, reprogramar a nossa mente.
Em pleno tempo quaresmal, a sábia e eterna pedagogia eclesial convida-nos a uma adesão livre, consciente e determinada ao caminho que conduz à renovação do nosso coração, configurando-o ao coração da Misericórdia e da Esperança. Para a construção de um amor mais pleno, autêntico e genuíno, a Tradição recorda-nos uma verdade incontornável: todos estamos, inevitavelmente, na fila para a morte. E, diante desta certeza, somos chamados a posicionar-nos de forma consciente.
Quero convosco refletir sobre um tema que julgo muito pertinente. Vou dando conta que hoje, mais do que nunca, há uma gigantesca dificuldade de olharmos nos olhos uns dos outros e de sentir aquele olhar de predileção, aquele olhar que nos diz que somos muito valiosos e que nos garante: “fazes-me falta”! É uma graça imensa ter quem nos olhe desta maneira e termos o privilégio de dizer a alguém: “sinto a tua falta” ou “quero-te muito”. Sim, é um privilégio sentirmo-nos importantes na vida de alguém.
(continuação a edição anteriror)
São tantas as vezes que eu sou questionado sobre o que é rezar ou como é que se deve rezar. Antes de tudo, rezar não é um acto mágico ou abstrato. Antes, é a expressão e a visibilidade de uma relação íntima e pessoal. Rezar é, por assim dizer, a revelação do amar mais profundo e mais integral. Por isso, só reza quem ama e quem tem, vive e se alimenta nesta relação íntima que se gera entre Nosso Senhor e cada um de nós.
Escrevo este texto na antecâmara do dia em que celebramos liturgicamente a memória desta ilustre figura (5 de dezembro) e que, de certa maneira, imprimiu traços únicos e distintos na comunidade e no seu território, criando o caminho que conduzirá à assunção e à construção de uma identidade que estará na génese do movimento independentista de Portugal, afirmando-se como nação e como povo singular. Falamos, pois, de São Martinho de Dume (também conhecido, embora não tanto, por São Martinho de Braga).
Escolho as palavras de Cícero para iniciar esta humilde reflexão: “Certifica-te que és um fator de soma na vida das pessoas de quem participas” (Cícero). A mundividência de Cícero muito nos ajuda a perceber e analisar os tempos actuais. Para ele, o Homem existe e distingue-se sempre e desde que esteja ao serviço do seu próximo, sempre que é capaz de aportar valor e significado à vida do outro, sempre que é capaz de ser “fator de soma” na vida das pessoas de quem ele se cruza.