50 anos de «Abril - Balanço politico e social_II.II.7. Defesa e Segurança Interna
Nenhuma comunidade sobrevive sem estruturas de defesa e de manutenção da ordem, dois aspectos demasiado negligenciados após o 25 de Abril de 1974, sob a bandeira do pacifismo internacional defendido pelas «esquerdas», PS incluído, (para benefício do bloco da União Soviética (até 1989) e da Rússia pós-1989), negligência a que os líderes europeus equivalentes aos do PSD e do CDS foram acedendo, sob protesto dos EUA, até à emergência da III Guerra Mundial, em 22 de Janeiro de 2022, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, e ao consequente toque dos alarmes para o estado anémico das estruturas de defesa e de segurança interna da União Europeia e, principalmente, de Portugal.
É verdade que a situação é bem pior no que respeita à defesa do que à segurança interna apesar de os estados europeus, constituídos em rede, se terem forçado a estruturar dispositivos de vigilância e informações comuns que obrigaram alguns países mais laxistas, como Portugal, a modernizar-se, no meio de polémicas e de escândalos. Recorde-se os casos do SIS e do CEF, onde os processos democráticos e de salvaguarda dos direitos protegidos dos cidadãos pareciam estar ausentes.
No caso da defesa, não fosse a nossa presença na NATO, ao menos para conhecimento do armamento que ia sendo disponibilizado aos países mais preparados e mais armados, pode-se dizer que Portugal seria um país vulnerável a qualquer grupo armado que nos quisesse experimentar ou atacar. Se o tivessem feito, teríamos aprendido à nossa custa.
A maior parte do nosso armamento é ainda da II Guerra Mundial, com excepção de algum da Força Aérea, da Marinha e da Brigada Mista Independente, do Exército.
Tão grave como a antiguidade do nosso armamento é a sua falta. A força Aérea debate-se com a escassez de aviões para cumprir as suas missões num território terreste e marítimo de mais de dois milhões de quilómetros quadrados. A Marinha, com três fragatas, três submarinos e muito poucas lanchas, debate-se com o mesmo problema para missões nacionais no mesmo espaço mais as missões internacionais.
No Exército, não temos nem mísseis terra-ar nem poder de fogo pesado terra-terra nem veículos de contenção de qualquer infiltração em média escala.
A exigência de um investimento anual de 2% do PIB em defesa é bem vinda mas insuficiente porque países como Portugal vão demorar 30 anos a atingir um nível de eficiência razoável se apenas esse montante for gasto.
No caso da segurança interna, foram alertas o ataque à Embaixada Turca, em Lisboa, nos anos 80, o 11 de Setembro de 2001, em NY, e o 11-M, em Atocha, Madrid, porque demonstraram as debilidades dos sistemas de informação e controlo dos países europeus, em geral, e de Portugal em particular. Foram necessários eventos sangrentos para os europeus acordarem da sua sonolência. Mesmo assim, estamos longe da eficiência desejada, tanto em meios humanos e materiais como em know-how e tecnologia. Temos de melhorar muito para que muitos-outros se não aproveitem da nossa vulnerabilidade.