A opinião de ...

LEMBRANDO LEANDRO VALE um Verdadeiro Amigo

Hoje, ao reler um livro seu, que ele me ofereceu com uma excelente dedicatória de amigo, lembrei-me dele, os bons amigos nunca se esquecem, e dos nossos bons-velhos-tempos, em que fazia-mos tertúlia, primeiro em Bragança, por último em Torre de Moncorvo, durante os Festivais de Teatro que ele organizava, e mais frequentemente, quando aí comprou casa.
Conheci há uns bons, trinta e tal anos o Leandro Vale, por intermédio de um amigo comum. Vinha ele fumando o seu inseparável cachimbo, uma bolsa ao tiracolo cheia de livros e uma t-shirt com um motivo “revolucionário”. O Leandro era assim, não tinha preconceitos ou problemas de mostrar aquilo que realmente era. Diga-se de passagem, que eu e o Leandro Vale não tínhamos as mesmas opções políticas, nem de perto, mas apesar disso nunca discutimos política, nunca nos chateamos, sempre convivemos como duas pessoas verdadeiramente civilizadas, respeitando-nos mutuamente.
Hoje, estando eu em Mogadouro, lembrei-me dele e resolvi escrever-lhe umas breves, mas sentidas linhas:
“Meu grande Amigo Leandro…que saudades, que saudades das nossas conversas em Moncorvo, à volta de um whisky, eu, fumando um havano, tu o teu cachimbo, e lias-me um teu último texto, uma peça de teatro que acabaste de escrever, ou um artigo para o jornal…que saudades amigo…partiste mas estarás sempre no meu coração, na minha memória. Já não há amigos como tu…Ainda não te fizemos a homenagem que tu mereces…, é verdade, mas vamos fazer, prometo…que saudade…hoje, em tua homenagem, vou vestir uma t-shirt com o “nosso” Che, que me trouxeste da tua, da nossa Cuba e vou fumar um bom havano…até sempre meu amigo…Vamos ver-nos um dia destes…O teu Amigo, António Pimenta de Castro”.
Leandro Vale nasceu no dia 18 de Agosto de 1940, em Travanca de Lagos, concelho de Oliveira do Hospital. Formou-se no Conservatório de Lisboa e dedicou toda a sua vida ao teatro, a sua grande paixão. Foi um dos fundadores do CITAC, ou seja, do “Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra”, em 1955, e trabalhou muitos anos no TEP (Teatro Experimental do Porto). Apesar de não ter nascido em Trás-os-Montes, era um verdadeiro transmontano, dedicando a esta região quase toda a sua vida. Foi uma das pessoas a quem o teatro em Trás-os-Montes mais deve, escolhendo para viver primeiro em Bragança e depois Torre de Moncorvo, onde comprou casa e onde viveu até quase a fim dos seus dias. Era um moncorvense do coração, aqui deixou basta memória, e a sua casa, na zona do castelo, tinha uma biblioteca fabulosa, que eu consultei não raras vezes. Foi ator, escritor, encenador, enfim…fazia de tudo. Como já referi, a atividade teatral do Nordeste Transmontano muito lhe deve. Partiu, no dia 2 de Abril (no mês de Abril que ele tanto gostava…) de 2015, mas ficou sempre gravado no coração de quem teve o privilégio de o conhecer….
Faço daqui um apelo, a quem de direito, e a todos nós que o conhecemos, para lhe fazer-mos uma grande e justa homenagem, ele merece, esta publicação é a nossa sincera homenagem…Jamais te esqueceremos…meu amigo.

Edição
4013

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