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A preparação musical no percurso formativo do clero

Na introdução do livro «A beleza da Liturgia», publicado pelo Sercretariado Nacional de Liturgia (SNL), o Presidente da Comissão que o tutela, D. José Cordeiro, destaca que «a urgência da necessidade de promover a educação litúrgica dos pastores e do povo cristão é condição para a meta da reforma litúrgica» referindo ainda que «é um direito e um dever de todos os fiéis». A Constituição Sacrossantum Concilium (SC) refere que a música é um dos elementos mais válidos na celebração litúrgica e que esta «sobressai entre outras expressões de arte».
As estruturas eclesiásticas foram os grandes protagonistas do ensino. A música era parte integrante do hoje designado currículo generalista. O processo pedagógico começava na preparação de pequenos cantores, que mais tarde poderiam orientar o seu estudo, quer no sentido do canto profissional, quer da execução instrumental ou da composição. Este processo pedagógico contínuo era aplicado a quem prosseguia a vida religiosa, quer a quem optava por outras ambições profissionais.
A partir da extinção das ordens religiosas, em 1834, a responsabilidade do ensino da música foi deslocada para as estruturas civis, o que veio a permitir um acesso mais alargado a toda a população. Esta nova situação permaneceu durante largas décadas centrada nas grandes cidades, só sendo muito lentamente alargada ao resto do país mais de um século depois. Por outro lado, o esvaziamento das estruturas religiosas de produção musical acarretou um acelerado declínio da música sacra, ainda hoje evidente, especialmente nas regiões periféricas.
Actualmente, a falta de meios à disposição na maioria das paróquias para o desempenho de um serviço musical leva, por vezes, à contratação pontual de músicos profissionais. No entanto, é também evidente a falta de preparação dos músicos para o desempenho daquele serviço, resultando na maioria das vezes num desfasamento total entre a acção litúrgica e a adequação musical, quer em duração, quer em estilo. Na Sinopse acerca da publicação do Cantoral nacional, pelo SNL, D. José Cordeiro, reforça que deve existir «um cuidado pastoral claro para que as celebrações litúrgicas não resultem num concerto, num espectáculo ou numa cerimónia social». A SC já mencionava que «todas as obras musicais devem estar em unidade perfeita com a celebração litúrgica».
Alguns dos principais protagonistas responsáveis, em vários países, pela implementação de uma preparação musical nas estruturas da Igreja, utilizando modelos bem sucedidos, estarão na CIMS para dar o seu testemunho e, juntamente com todos os participantes, contribuírem para a melhoria da qualidade d’«A beleza da Liturgia».
A Comissão Organizadora

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3902

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