A opinião de ...

Ano Novo, novas resoluções

O ano velho terminou, mas as primeiras novidades que o novo ano nos trouxe não foram nada positivas pois expõem um Portugal em desfalecimento e o Estado em colapso.
Poder-se-á mesmo dizer que estamos em processo de regressão nos desígnios e no rumo nacionais.
Ao nível dos municípios, o espectro tende a ser o mesmo pelo que, neste dealbar temporal, será premente implementar, paulatinamente, uma mudança na relação entre o Município, os seus eleitos, com os cidadãos, seus eleitores.
Estará equivocado quem pensa que não está também em fase de esgotamento a época dos Municípios e seus eleitos fechados sobre si mesmos, em medievalescos feudos, imutáveis, de domínio multidimensional, numa bolha de poder sem questionamento, escrutínio e participação alargada dos cidadãos.
As mudanças que hoje os Municípios enfrentam sem precedentes e sob pressão elevada para garantir que as suas funções sejam realizadas de forma cabal, a fim de corresponder ao contexto em que vivemos de evolução contínua, são elevadas.
Num mundo cada vez mais digital, mas onde o local se distingue pela sua identidade e pelos seus recursos endógenos, as prioridades dos cidadãos, das empresas e das instituições devem ser percebidas e respeitadas.
Isto significa que o modo de administração e gestão autárquica deve ser repensado a fim de ter em consideração o que as comunidades realmente anseiam e quais as prioridades de resolução de problemas que reivindicam.
Daqui, é importante a criação de plataformas e tempos próprios de auscultação e diálogo com os cidadãos, de partilha de ideias e compromissos com os projetos a serem implementados.
Tornar-se-á cada vez mais importante, das infraestruturas aos transportes, da saúde à educação, da cultura ao desporto, da economia ao desenvolvimento sustentável, do planeamento urbano à construção, e muito importante às questões demográficas e da ação social, uma mudança de pensamento e de procedimento.
Esta mudança consubstancia-se na incorporação da participação, não formal ou aparente, mas real e efetiva, aproveitando as competências dos cidadãos e das suas organizações, em decisões estratégicas.
A exigência que corresponde a mais do que resoluções piedosas de início de ano é a de que, cada vez mais, seja em equipa, em trabalho colaborativo, a construção do presente das comunidades. Caso contrário, não será risonho o futuro e nem as 12 passas de final de cada ano bastarão para o mudar.

Edição
3917

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