A opinião de ...

A DISCUSSÃO AUTÁRQUICA

Após a apresentação da recandidatura de Hernâni Dias à presidência da Câmara Municipal de Bragança, para um terceiro e último mandato, subjaz a pergunta de quem se prefigura para lhe suceder.
A resposta a obter não incidirá tanto sobre quem, na noite de 26 de setembro, será o vencedor das eleições, pois na verdade não se vislumbra, de todo, qualquer surpresa, salvo alguma hecatombe eleitoral inusitada do atual inquilino do Forte S. João de Deus, mas sim por quem será acompanhado na lista do Partido Social Democrata à autarquia brigantina e quem, presumivelmente, se apontará para recolher o testemunho e o quererá levar para lá de 2025.
Até ao momento a lista ainda não é conhecida pelo que não se sabe quem será o vice-presidente, lugar que normalmente significa a pessoa mais bem colocada para essa putativa candidatura.
No entanto, mais importante para os cidadãos, em geral, era que tão proximamente quanto possível fossem dadas a conhecer, não só desta, mas também de todas as outras candidaturas, as ações programáticas e os valores financeiros a elas adstritos, numa ótica de boa gestão de dinheiros públicos e se promovesse a sua discussão pública.
Trata-se assim de propiciar dados para identificar, compreender e reconhecer que não se enveredará pelo desbaratamento de dinheiros públicos que não alcançam os resultados esperados, e que se preconiza a concretização daquilo que será indicado para as soluções dos problemas e a satisfação das reais necessidades das pessoas. Não se pode ignorar que a principal missão de um autarca é resolver problemas e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Assim, é imperioso perceber aquilo que está para além da imagem, da comunicação e do marketing político. É assim que funciona uma Democracia madura, transparente e participativa.
Por outro lado, aduz-se uma razão outra para essa discussão pública, a de corresponder à legitimidade dos cidadãos pois, para além do seu direito de voto, eles próprios, por sua vez, aportam também muito de si para a resolução dos problemas e para o pulsar das comunidades. Veja-se toda a iniciativa e dinâmica que, mesmo em nestes tempos difíceis de pandemia, tantos e tantos cidadãos foram capazes de dar, em inestimável e incalculável contributo para a comunidade onde vivem. Ademais o vão continuando a fazer em tantas empresas, organizações e instituições, pese embora o ganho cada vez mais acentuado dos adeptos da atitude do tudo “despachar” para o Presidente da Câmara, para o Presidente de Junta, etc...
Ao fim e ao cabo, conhecendo-se bem e discutindo-se os programas políticos, até mesmo antes de eles estarem fechados, estar-se-á a dar um claro sinal de elevada responsabilidade por quem quer assumir uma qualquer liderança autárquica.
É que é insofismável que as comunidades crescem e se desenvolvem mais quando a própria comunidade faz parte da discussão dos problemas e das soluções e não tanto quando se exerce sobre ela uma espécie de atitude paternalista ou de certa infantilização, como que lhe reiterando que há uns quantos, poucos, que pensam e decidem e fazem tudo por elas.
Ainda que muitas vezes seja mais cómodo e tranquilo não é certamente este o caminho desejável. É importante haver ideias diferentes, contraposições de pontos de vista, dialética, pois é daqui que poderá haver melhores escolhas, mais criatividade, mais inovação, mais desenvolvimento.
A participação dos cidadãos traduz-se, nas eleições autárquicas, não só na confiança nos candidatos, mas também no conhecimento do programa a ser divulgado, discutido e depois sufragado pelo voto no dia das eleições.
Não for considerado importante a sua discussão pública não vejo como que depois se poderá dar importância ao designado “orçamento participativo” e se faz tudo para que as pessoas apresentem ideias, quando a participação no debate do Programa que verdadeiramente interessa antes, não se efetuou e valorizou devidamente.
O caminho democrático da participação cidadã em todas as oportunidades é que deve ser fomentado e percorrido.

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3840

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