A opinião de ...

Férias das férias

Sabemos, de acordo com a perspetiva cristã, que Deus vive e está em todo o lado e não tira férias, mas trabalhou e descansou da sua obra da Criação!
O Homem, não sendo Deus, precisa de descansar. Por tal, havendo a possibilidade de gozar férias, estas podem ser vividas não como cumprimento de um qualquer “pacote” pré-elaborado e adquirido, sabe-se Deus às vezes com quanta especulação associada, como um parêntesis da vida, mas antes como uma oportunidade de crescimento, de viver a tranquilidade do coração.
Trata-se do sossego interior, profundo, que ajuda a deixar que as coisas reocupem o seu lugar apropriado na vida, para o qual nem é preciso fazer nenhum esforço intelectual, nem financeiro, dir-se-ia, pois, o fundamental é repousar, pois o próprio repouso é curativo em si próprio.
Contudo, há pessoas, talvez por causa do stress diário, que concebem as férias como que uma espécie de uma fuga que quanta mais extrema for, no sentido de alguns excessos, melhor, talvez para compensar.
Percebe-se a lógica que é o retirar-se completamente da rotina vivida no quotidiano, vivendo com certeza alguns êxtases, mas que pode levar ao risco, mais vezes do que as desejáveis, a que se acabe por se esgotar nisso, pois não se almeja recuperar aquele reequilíbrio interior, tão necessário e fundamental, prefigurando-se como necessidade posterior, então sim, tirar férias das férias!
Assim, por que não mudar claramente de registo, se puder ser, não tendo que necessariamente de se mudar de sítio, embora isso por vezes facilite, mudar de atividades e não deixar que as férias sejam presididas por um princípio anárquico ou caótico? Como se as férias fossem uma espécie de tempo sem lei, uma espécie de faroeste da vida em que no seu período se pode fazer tudo sem regras.
Há pessoas que pensam que sim e que efetivamente descansam dessa maneira, mas por que não aproveitar para estar mais tempo com a família? Por que não aproveitar para ler aquele livro que se anda para ler faz tempo?  
Talvez seja preferível fazer um plano suficiente flexível, promissor e que compreenda um crescimento individual como pessoas e que satisfaça aquele desejo de grandeza que nós temos tantas vezes no mais recôndito de cada um, ou de conhecer e experienciar mais arte e cultura, ou de obter mais vivências de contato com a natureza, etc.
Enfim, há tantas coisas que se podem fazer para que as férias não sejam um mero tempo de descompressão e seja um tempo de restituir energias ao corpo e à mente e de criar um bom equilíbrio e harmonia consigo próprio, de humanizar as relações com os outros e com o meio ambiente, numa dimensão mais equilibrada, serena e feliz.

Edição
3895

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