A opinião de ...

Não esquecer o essencial

De uma maneira geral, todos nós gostamos de festas! Ainda mais quando, por força da pandemia, elas estiveram quase dois anos em suspenso.
Por isso, não é de admirar que hodiernamente sejam muito concorridas, agregando e congregando um número substantivo de pessoas, ávidas de encontro, de comunhão e de vivências alegres.
Mesmo nestes dias, curtos, chuvosos e frios de Inverno, que contrastam com o calor que emerge de muitas das nossas lareiras, a festa está presente e gostamos mesmo de as organizar e de nelas participar.
Quem já não ouviu falar das designadas festas de inverno no nordeste transmontano tão cuidadosa e profusamente interpretadas por António Pinelo Tiza na obra, entre outras suas de grande relevo antropológico e etnográfico, “Inverno Mágico”? Ali nos apresenta por exemplo o festejo ritual da cabra e do canhoto de Cidões, os rituais de passagem em Sacóias, as festas de Santo Estêvão, as festas da zona da Lombada e de Varge, a festa de S. Sebastião, a festa de Santo Antão, etc.
Contudo, sem comparação, a festa que nos motiva, envolve e significa mais é o Natal.
Não só porque podemos apreciar as ruas iluminadas, especialmente na cidade, mas também a harmonia das mais belas e importantes obras musicais produzidas como o Adeste Fideles ou o Stille Nacht que vão ecoando igualmente no espaço público, as montras que ganham cores e brilho, os presépios e as suas imagens, a árvore de Natal, os anúncios produzidos e suportados em vídeos criativos e cativantes, a animação infantil tocante, os alimentos especiais, consumidos sem impedimentos de dietas restritivas, as perguntas dos nossos familiares a perscrutarem dos nossos desejos de prendas, etc.
Nesta quadra natalícia assinala-se ainda a multiplicação de campanhas de solidariedade, de diversa índole e dimensão, desde as Escolas às Paróquias, aumentando o espírito de entreajuda e sentindo a felicidade de um gesto ou um sorriso daqueles a quem nos fizemos próximos, a exemplo da Parábola do Bom Samaritano.
Todavia, o fundamento maior da quase unanime consideração do Natal como festa essencial decorre do reforço dos laços familiares que nela se concretiza, consubstanciado na ceia familiar da noite de Natal.
Tudo isto nos serve para receber e festejar o Natal, mas, perdoe-me quem assim não pense, mas ainda não é inteiramente Natal.
Neste sentido, trago à colação uma frase que me ficou gravada na mais recôndita memória oferecida num singelo postal “não te esqueças do essencial, põe Jesus no teu Natal”!
A partir dela depreendi que não haverá verdadeiro Natal sem a festa do nascimento de Jesus. Sem Ele será outra festa, bonita, significativa, importante, mas não Natal! Pelo menos o cristão!

Edição
3913

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