A opinião de ...

Pandemónio no Castelo

O interior do Castelo de Bragança na época de estio em geral, mas em todos os meses de agosto em especial, parece uma babel automobilística, tantas são as viaturas de proveniências várias ali estacionadas e outras tantas a circular quase sem mais destino nem direção primordial que não seja encontrar um lugar para aparcar.
Ainda no pretérito domingo, pelas 12 horas, se contavam mais de 180 as viaturas ali estacionadas, não dando azo praticamente a ninguém a poder circular livre e tranquilamente por um espaço ímpar que Bragança proporciona não só para usufruir, mas também para fruir.
Então à noite, chega a ser um verdadeiro pandemónio, com viaturas estacionadas até em cima das luminárias térreas!
Das consequências várias podem-se descrever, entre outras, o mau estado das próprias ruas, com deterioração acentuada do piso e ainda décalages que ameaçam seriamente o chassis inferior das viaturas, o barulho, a poluição, a confusão e acrescente-se, a falta de segurança que perturbam a vida não só de quem ali habita, mas também de quem ali procura um espaço de passeio, de lazer e de convívio.
Atente-se até que o simples ato de se poder capturar um momento kodac para mais tarde recordar junto a monumentos como a Torre de Menagem, a própria entrada da Igreja de Santa Maria ou ainda a frontal da Domus Municipalis, se torna de todo impossível concretizar e, por isso, inenarrável, pois os emplastros automobilísticos não o permitem!
Daqui conclui-se que não é este com certeza o postal que Bragança quer proporcionar aos seus milhares de turistas, e bem, que demandam o Castelo.
Abordo este tema não com o fundamentalismo anti viaturas, mas pela constatação que não deixa de ser uma situação embaraçosa para a capital de Distrito pois possuindo no seu ímpar património, uma joia deste calibre, importa que seja preservada inequivocamente e, por isso, o Município de Bragança tem de aqui assumir também as suas responsabilidades.
Aliás o princípio que presidiu às intervenções na Praça da Sé e áreas históricas adjacentes, em que foi dada primazia e prioridade às pessoas (peão), só por ausência de coerência é que não se aplicará ao Castelo e às suas imediações.
Para perceber algumas soluções aplicadas, a contento de todos, habitantes, empresários, instituições públicas e privadas, turistas, não precisamos de dar uma volta ao mundo para as encontrar, vide os exemplos de Óbidos, Santa Maria da Feira ou Puebla de Sanábria ou até Toledo!
Do meu ponto de vista, em todo o caso, nos meses de julho e agosto, há que concretizar de algum modo o controlo de acesso a viaturas, garantindo antes de mais lugares de estacionamento para as cerca de 20 viaturas pertencentes aos moradores no castelo.
Depois, concomitantemente, urge demarcar o estacionamento existente, de modo muito percetível e criar mais lugares de estacionamento nas imediações.
Em complementaridade ao transporte de passageiros proporcionado pelo comboio turístico da UFSSM (que agora nem consegue entrar no Castelo...), outro tipo de acesso importa ser assegurado pela possibilidade de os autocarros de passageiros se aproximarem o mais possível da Porta do Sol, alargando naquele espaço a plataforma existente, de modo que possam fazer o trajeto de subida e descida.
Num horizonte próximo haverá de ser também projetada e concretizada uma escada rolante a funcionar do início da Costa Pequena (Rua Serpa Pinto) até ao jardim do Castelo, junto à Rua de Santo Condestável. Talvez fizesse mais sentido que a escada rolante a inaugurar na Av. Sá Carneiro!
Por outra parte, a própria entrada pela Porta do Sol devia ser alargada de modo a permitir o acesso a logística de espetáculos ao ar livre, o que hoje de todo é quase impossível e limitado a viaturas muito pequenas. E que melhor sala de espetáculos ao ar livre do que o Castelo!?!
O Castelo de Bragança proporciona uma oportunidade única para ensinar aos visitantes a história, os acontecimentos, os objetos, as pessoas, de que Bragança tanto se orgulha. Não o desperdicemos.

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