Mensageiro de Bragança foi o primeiro jornal do distrito de Bragança a receber o prémio Gazeta
O Mensageiro de Bragança recebeu esta sexta-feira o prémio Gazeta - Imprensa Regional 2022, atribuído pelo Clube de Jornalistas, numa cerimónia que decorreu na Câmara Municipal de Lisboa e que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Chefe de Estado recordou, no discurso de encerramento da 38.ª edição da entrega destes prémios, a colaboração que manteve com o jornal diocesano antes de ter sido eleito para a Presidência da República.
"De tempos a tempos pediam-me textos e eu escrevia e mandava sempre", recordou Marcelo Rebelo de Sousa, destacando o trabalho feito pelo jornal diocesano "como veículo de ligação à comunidade transmontana".
O prémio Gazeta - Imprensa Regional foi entregue pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, que se mostrou "honrado por entregar este prémio" até pela experiência pessoal de ter crescido numa casa com um pai jornalista, em Beja".
No discurso de aceitação do prémio, o Diretor do Mensageiro de Bragança mostrou a esperança de que este prémio "sirva de estímulo para a imprensa em geral, sobretudo a do interior do país, tantas vezes afastada dos olhares de decisão" e que "sirva para motivar e dar força aos que lutam diariamente, sobretudo a partir da periferia das periferias, como refere muitas vezes o Papa Francisco".
A terminar, o Diretor do Mensageiro de Bragança recordou o jornalista Rogério Rodrigues, natural de Peredo dos Castelhanos, uma aldeia do concelho de Torre de Moncorvo, que fez carreira em jornais nacionais, como exemplo de "luta permanente" e de uma voz ouvida a partir desta região.
Os jornalistas galardoados foram: Ana Sousa Dias (Mérito), Amélia Moura Ramos (Televisão), Miguel Carvalho e Pedro Caldeira Rodrigues (Imprensa), Paula Borges (Rádio), Inês Rocha (Multimédia), João Porfírio (Fotografia), Daniel Dias (Revelação) e Mensageiro de Bragança (Imprensa Regional).
Os discursos da noite ficaram ainda marcados pela situação de crise que se vive no seio de vários títulos nacionais e que levou mesmo o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, a sublinhar que “o jornalismo livre é essencial para a democracia", destacando que é possível "ter toda a inteligência artificial do mundo mas ela não é humana, o autêntico é o mais importante ". O jornalismo “que vimos aqui hoje é um jornalismo autêntico, feito por aqueles que ganharam os prémios", acrescentou.
"O que estão a fazer a estas redações e aquilo que o meu pai sempre me contava é que nestes momentos tão difíceis é que no fundo estão a limitar o vosso espaço, a vossa atividade, a vossa liberdade e, ao limitar o espaço dos jornalistas, ao limitar a vossa atividade, a vossa liberdade, estamos apenas só e sempre a fragilizar a democracia", disse Moedas.
E "é isso que muitos não percebem e é isso que nós que temos repetir, é a nossa obrigação, a obrigação dos políticos que acreditam neste jornalismo livre e independente sempre de o dizer todos os dias porque é um golpe aquilo que estamos a viver em jornais de referência, de confiança para todos nós portugueses", sublinhou o autarca.
Carlos Moedas destacou ainda a ligação que o Mensageiro de Bragança consegue com as comunidades, como exemplo do que acontece por todo o país, "de Beja a Trás-os-Montes".
Já Marcelo Rebelo de Sousa frisou que "este é o momento" de "chegar a um entendimento de regime" sobre os media.
"Estou realista e o realismo impõe que não se demore mais tempo, que não se encontre solução no 42.º ou 44.º" Prémios Gazeta, "que é capaz de já ser tarde", em que "pelo meio ficaram não sei quantos jornalistas, não sei quantas famílias de jornalistas, não sei quantos órgãos de informação, não sei quantas formas de escrutínio essenciais para a democracia", sustentou o Presidente da República.
"É um risco para a democracia como é um risco não se perceber que um sistema democrático jovem pode parecer-se aceleradamente com sistemas envelhecidos", disse ainda.
Para Marcelo Rebelo de Sousa é preciso encontrar fórmulas de modo transversal para viabilizar "aquilo que é fundamental para a democracia".
"É fundamental olhar enquanto é tempo e para o ano nos encontremos sem estes despedimentos, sem estes não pagamentos de salários, sem esta indefinição em que ninguém é responsável, não é o proprietário, não é o gestor, não é o financiador, não é ninguém com responsabilidades administrativas, morreu solteira a culpa", frisou o Presidente.
"Às tantas só falta dizer [que] os responsáveis são os jornalistas. Para que quiseram ser jornalistas e escolheram a porta errada", concluiu.
O Prémio Gazeta - Imprensa Regional, atribuído pela direção do Clube de Jornalistas (CJ) ao Mensageiro de Bragança, "semanário diocesano regionalista fundado em 01 de janeiro de 1940, que se institui como veículo de ligação à comunidade transmontana residente na cidade, noutras zonas do país e no estrangeiro".
Em 38 edições já realizadas, o Mensageiro de Bragança foi o primeiro jornal do distrito a receber este galardão, dedicado a todos os leitores do jornal diocesano.