AVCs em queda mas ainda atingem 400 pessoas por ano no distrito de Bragança

O número de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) tem estado em decréscimo no distrito de Bragança mas ainda atingem 400 pessoas por ano no distrito de Bragança, provocando cerca de 60 mortes.

Dados revelados pelo coordenador da Unidade de AVCs da ULS Nordeste, o médico Jorge Poço, à margem do I Congresso de Enfermagem de Medicina Interna da Unidade Local de Saúde do Nordeste, na passada sexta-feira.

“São números elevados. Tem melhorado mas ainda há muito caminho a fazer.

A Unidade de AVCs foi criada em 2005. Na altura, tínhamos 600 AVCs por ano. Agora são 400”, adiantou Jorge Poço.

O clínico considera que, apesar desta trajetória positiva, “há vários aspetos que é preciso melhorar”. “Temos de continuar a insistir nos hábitos de vida saudáveis. E que os centros de saúde continuem na árdua tarefa a educar os doentes e incentivá-los a tomar a medicação. A hipertensão é o principal fator de risco. A alimentação aqui é muito à base de enchidos, salgados. Não abusar de bebidas alcoólicas. Tabaco e sedentarismo”, alertou. A única unidade do distrito é em Macedo e “não chega para dar resposta”. “Temos de tentar que haja maior acessibilidade dos doentes à unidade de AVC. Inicialmente, tinha oito camas, agora já tem nove. A taxa de ocupação é elevada. Era preciso mais espaço físico mas mais pessoal, médicos, enfermeiros, auxiliares.

Os doentes ficam, em média, duas semanas. É um tempo acima do desejável. Depois de serem avaliados por médico da reabilitação, ficam referenciados para a rede de cuidados continuados. Mas o doente só vai para a rede quando há vagas. Vemo-nos obrigar a manter o doente, que pode demorar um dia ou uma semana”, explicou.

Esta foi a primeira edição do congresso, que deverá ter continuidade.

“Muitas vezes temos de nos deslocar para fora do distrito para formação. Daí a necessidade de fazermos cá”, sublinhou Luísa Rodrigues, da organização.
Ao todo, houve 533 inscrições, a maioria do distrito de Bragança mas também do Algarve ou do Porto. “Não contávamos com tanta gente”, sublinhou.
A ideia agradou a outros serviços da ULS que pensam, agora, em replicar esta iniciativa.