Mirandela

Unidades extratoras de bagaço de azeitona garantem que não há poluição

Publicado por Fernando Pires em Qui, 08/07/2025 - 11:51

As duas unidades industriais de extração de óleo de bagaço de azeitona - a Mirabaga, no concelho de Mirandela e a Aucama, no concelho de Valpaços - queixam-se de falta de apoio do Estado e da União Europeia para investir em novas soluções para mitigar os efeitos da sua laboração.

No entanto, apesar da forte contestação, em Mirandela, que tem sido visível, principalmente, nas redes sociais, após vários episódios de neblina espessa que raramente se dissipa totalmente e um cheiro muito intenso a óleo e baga de azeitona, os responsáveis por aquelas unidades industriais garantem que não há nenhum estudo que comprove a existência de níveis de poluição acima dos parâmetros considerados normais.

Foram algumas das notas a reter da sessão aberta de esclarecimento promovida, na passada quarta-feira, pela coligação AD que vai concorrer às autárquicas no concelho de Mirandela.

Alexandre Camilo, da Mirabaga, unidade que está a laborar em Latadas (Mirandela), considera que este tipo de iniciativas “são muito importantes” para o cabal esclarecimento do que está em causa porque “ajudam a esclarecer e a desmistificar certos clichés que nós estamos a sofrer. Compreendo a preocupação da população, também sou residente e natural de Mirandela, vivo e trabalho cá, portanto também tenho essa preocupação. No entanto, existe muito pouca informação, muito pouco esclarecimento sobre estas unidades”, lamenta.

Segundo os responsáveis pelas duas unidades, nesta região, cerca de 100 mil toneladas de bagaço de azeitona são anualmente colocadas para transformação. A quantidade tem vindo a subir nos últimos anos, ao invés das unidades extratoras. “Há menos unidades, há mais produção, o que sobrecarrega estas unidades”, conta. Como se isso não bastasse, o bagaço também chega agora com maior percentagem de humidade, necessitando, por isso, de um processo de secagem mais longo. “Inicialmente, havia os lagares tradicionais com os capachos, o bagaço chegava muito mais seco”, diz.

Alexandre Camilo adianta que, para além dos filtros que já utilizam, não têm surgido no mercado tecnologias inovadoras para ajudar a minimizar o impacto da laboração destas extratoras. Recentemente, apareceu o sistema de eletrofiltros, mas que implica um investimento avultado, a rondar os dois milhões de euros, “incomportável face à falta de apoios do Estado e da União Europeia”, refere.

Ainda assim, Alexandre Camilo adianta que não existem estudos que comprovem a existência de níveis exagerados de poluição provenientes da laboração das duas unidades industriais. “Agora está muito na moda as perceções, é a perceção do cheiro, tem a perceção que também há poluição do ar, os estudos não comprovam isso, portanto, faça-se mais estudos, continue-se a investigar e que fiquem descansados, que nós estamos a tentar fazer tudo por tudo para mitigar estes efeitos”, garante.

Aquele responsável da Mirabaga revela que já foram alvo de diversas fiscalizações. “Há sempre problemas, há sempre acidentes, agora, a ideia que há é que nós fazemos propositadamente, mas não fazemos”, diz. Alexandre Camilo reitera que as unidades extratoras não querem fazer parte do problema mas antes da solução.

Para Paulo Pinto, candidato da coligação PSD/CDS a presidente da Câmara de Mirandela, esta sessão de esclarecimento foi importante porque “estamos a elaborar o programa eleitoral, ficamos a perceber hoje o setor. Estamos a falar de duas empresas, uma delas do concelho de Valpaços, que são altamente tecnológicas, lidam com tecnologia de ponta e estão perfeitamente conhecedores do problema. Aqui foi explicado aos presentes quais são os verdadeiros problemas que estão a passar”, diz.

O candidato a presidente do Município diz ter percebido que esta qualidade do ar em Mirandela, “pelos vistos não é tão alarmante quanto isso, mas que as empresas estão perfeitamente conhecedoras do que se está a passar, estão a tentar mitigar todos os efeitos que possam ter localmente, ao ponto de falar aqui em investimentos de milhões de euros, e essa é que é a grande dificuldade, tendo em conta a viabilidade económica do investimento, a sua dimensão e os investimentos que são tão significativos pelos vistos que não têm apoios comunitários”, acrescenta

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