A opinião de ...

Feridas que ardem sem se ver...

Um mês e meio se passou desde a realização das eleições autárquicas e do autêntico terramoto político que se abateu sobre o PSD de Bragança.
Os efeitos do embate ainda hoje se fazem sentir em réplicas como a verificada na mais recente reunião da Assembleia de Secção Concelhia, no sábado, e que desenterraram mesmo algumas recordações do fundo do baú.
Outrora aliados, Hernâni Dias e Jorge Nunes estão, agora, em lados opostos da barricada e trocam acusações sobre as responsabilidades de cada um no resultado eleitoral.
Pelos corredores, vão-se ouvindo comentários à boca pequena de que o Comendador e antigo presidente da Câmara de Bragança entre 1997 e 2013 teria apoiado a vitória de Isabel Ferreira, do PS, que conquistou a Câmara de Bragança ao PSD 28 anos depois.
O próprio Jorge Nunes, confrontado com essas alegações, tratou de as refutar perante os militantes (e numa carta ao diretor do Mensageiro de Bragança, publicada mais à frente, nesta edição).
O que parece evidente, à medida que a poeira do ‘terramoto’ de dia 12 de outubro vai assentando, é que o PSD local está, neste momento, bipolarizado.
As eleições de setembro de 2024 para a concelhia provocaram uma fratura demasiado grande, que deixou uma ferida aberta e dolorosa.
As posições polarizaram-se.
Durante o verão, eram evidentes os sinais de pelo menos três grupos. Um, em terno de Jorge Nunes. Outro, em torno do candidato autárquico Paulo Xavier. E um terceiro, em torno do ex-presidente, Hernâni Dias.
O que o dia 12 de outubro veio trazer de diferente, para além do executivo camarário, foi o aparecimento de adversários comuns entre as ‘tropas’ dos três movimentos.
Aquilo a que se tem vindo a assistir é que o partido procura, agora, unir-se novamente em torno do presidente da Distrital, Hernâni Dias, para recuperar os cacos da derrota.
Mas Jorge Nunes tratou de recordas os militantes dos tempos áureos conseguidos diante da sua batuta.
Adivinham-se cenas com próximos capítulos mas a ‘guerra’ parece agora inevitável.
E o campo de batalha passará, por exemplo, pelas próximas nomeações a serem feitas pelo Governo, como a escolha do novo elenco no Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste, pois o mandato termina no final do ano e Carlos Vaz, atual presidente, já avisou que vai reformar-se.
Em fevereiro, o partido vai novamente a eleições, depois da alteração aos estatutos promovida recentemente. Até lá, haverá tempo para novas e velhas alianças em torno de objetivos que passam a ser comuns.
Mas, já se sabe, como diz o povo: “quando se zangam as comadres”...

Enquanto isso, demitiu-se o presidente da Concelhia... do PS!

Edição
4065

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