PORTAS DE BRANDENBURGO
Ultimamente, quando se fala da Alemanha vem-nos logo à lembrança a sr.ª Merkel e o seu alter-ego para as finanças o inefável Schäuble. Contudo há uma realidade almã muito rica e diversa para lá da liderança europeia e da política financeira do motor económico da Europa. Foi este o tema do Fórum Portugal-Alemanha do fim de Maio passado: trazer à colação outros temas ou outras visões sobre os temas tradicionais.
Curiosa foi a intervenção da professora do Instituto de Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica. A partir da assistência a docente Mónica Dias, questionando a mesa levantou uma questão deveras interessante. Aos que clamam que a Europa, a União Europeia, não passa de uma invenção, a investigadora, lembra que os estados soberanos, tais como os conhecemos são, igualmente, uma invenção. Ora se a nossa vida, com todas as condicionantes, entre estas a crise atual, a melhor solução é entregar a solução dos males que padecemos aos inventores.
Partindo da invenção, facilmente se chega à ciência. Sobre este tema o ex-secretário de Estado da Ciência, Manuel Heitor, munido das estatísticas dos últimos anos e da evolução dos orçamentos públicos em investigação científica recordou o falecido Mariano Gago quando este perante os seus pares questionava, há algum tempo, se o tratado de Lisboa teria sido assinado na capital portuguesa ou e Washinton. Porque a decisão de transformar, numa década, a União Europeia no espaço mais competitivo do mundo. Isto porque, ao invés dos Estados Unidos, a UE, desde então, tem vindo a diminuir os gastos europeus. Não só ao nível central mas, sobretudo ao nível de cada um dos estados membros. Países nórdicos incluídos, contrariando uma tendência e tradição dos últimos tempos. A Alemanha foi a única exceção. Daí que o crescimento germânico tenha sido igualmente a exceção numa Europa mergulhado em profunda crise.
A Alemanha e os alemães que a Segunda Guerra arrasou completamente reergueram-se e, por mérito próprio, guindaram-se à posição de liderança que ocupam fruto do seu espírito ordeiro, capacidade de trabalho e organização mas, sobretudo, devido ao seu pragmatismo e à sua capacidade de olhar de frente todos os desafios e situações. Foi aqui lembrado igualmente que em Berlim, ao lado das Portas de Brandenburgo que exalta o espírito imperial germânico, que elogia os feitos arianos, que homenageia o orgulho e os feitos das suas gentes e líderes, construiram, os mesmos alemães, um impressionante monumento que lembra, sem reservas, sem eufemismos, de forma crua e dura o período mais negro da sua história moderna.