A opinião de ...

A Cegueira do Poder?...

Neste mesmo espaço, referi que cada um nós, no pleno uso das suas competências psicológicas, deve ter consciência das suas possibilidades e capacidades, no contexto de uma verdadeira interiorização da realidade em que se insere e movimenta, constituindo uma importância relevante o modo como conduz os projetos pessoais, sociais e organizacionais.
Ora a consciência do que somos e daquilo em que acreditamos revela-se na forma como nos comportamos e agimos. E a nossa ação depende, sobretudo, daquilo em que acreditamos e da nossa convicção. Prestamos muita mais atenção à informação que confirma as nossas, crenças do que àquela que a nega, ou contraria. Assim sendo, por vezes, acabamos por ver só aquilo que queremos, filtrando tudo de modo a sustentar as nossas ideias, posicionamento que nos impede de ver os problemas e o mundo de outras perspetivas e, consequentemente, de fazer uma análise mais séria e mais real.
As nossas crenças, levam-nos a tomar atitudes que se baseiam na reafirmação das mesmas, inibindo-nos de fazermos uma avaliação mais séria e transversal dos contextos em que nos movimentamos.
A gestão de contrariedades e a resistência à mudança, sobretudo quando se está inserido em grupos de interesse, cujo cordão umbilical não se quer perder e, muito menos, ceder ao poder, não só gera insatisfação, como discórdia e a irracionalidade.
Por outro lado, a má vontade, a intolerância e a falta de debate democrático, não são mais que o reflexo de propósitos e interesses pessoais, ou corporativos, que potenciam o extremar de posicionamentos. Pior, ainda, quando se privilegia a ignorância, num contexto e num ambiente em que se utiliza o futebol como se de politica se tratasse. Mas o futebol e tudo o que o envolve devem ter como princípios básicos aqueles que lhe são inerentes. E nada mais.
Pena, por isso, que pessoas com responsabilidade no futebol, não assumam uma postura genuinamente despretensiosa, pautando a sua atuação com mais sinceridade e menos arrogância, sendo capazes de compreender a grande diferença entre o possível, o provável e o garantido.
E a discussão séria que, a que tantas vezes se foge, mesmo ao nível institucional, deveria ser promovida, privilegiando-se o consenso e o respeito pelo “outro” tendo em vista o objectivo de servir as organizações, com evidência e clarividência, objetivando cumprir cabalmente a missão.
Vem isto a propósito do que se passa na A. F. Bragança. Com efeito, quando faltam pouco mais de três meses para completar um ano após as eleições (realizadas em Junho de 2013), ainda nada está definido quanto ao futuro, sobretudo em relação à pessoa que irá presidir aos destinos da instituição que gere e representa o futebol distrital.
Já não é a primeira vez que escrevo sobre este assunto. Mas, na verdade, independentemente de quem terá ou não razão, penso que já é tempo de estar encontrada a solução. É que todo este arrastar do processo não prestigia o futebol local, nem, muito menos a região. A desconfiança bilateral e a falta de referência institucional, pode tornar toda a atividade competitiva disfuncional.
Vamos lá, senhores, entendam-se de uma vez por todas. Deixem-se de bairrismos e egocentrismos doentios, tentem ser tolerantes e cooperantes, resistindo à tentação de interesses e vaidades pessoais. Sorriam uns para os outros. Incluam o espírito desportivo na força da motivação em prol do bem do futebol na região, e clarifiquem que vai estar à frente dos destinos da Associação!... Não fiquem zangados, nem com medo de perder, porque o medo, bloqueia os sentidos e impede de vislumbrar os caminhos sem veredas.

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3462

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