A opinião de ...

Isto da bola...

Quando estamos a passar por mais um período do designado “defeso” da bola, seria justo que ficássemos “aliviados” do bombardeamento de notícias, reportagens, entrevistas… com que somos brindados por meios de comunicação, repetidamente, dizendo quase sempre a mesma coisa, pouco acrescentado ao nosso saber, não obstante muita outra, pouco clara, ficará por dizer. Até a comunicação social regional propagandeia e dá tanto espaço a boleiros, como se de qualquer coisa de muito interessante se tratasse e dela dependesse o desenvolvimento da vida social, desportiva, ou económica de uma cidade, vila, aldeia, região, ou mesmo de uma nação. Penso, até que, nalguns casos se tratará de um pouco claro “sorvedouro” de dinheiros públicos, sem retorno ou mais valias positivas. Estou até em crer que, se tivermos em conta as verbas DISPENDIDAS, e não investidas, e os resultados globais daí derivados, o saldo seria francamente negativo, nomeadamente no contexto da sustentabilidade associativa e formativa. 
Também por isso, e não só, entendo que deveria haver umas férias, para deixarem de nos impingir, mediática e massivamente, “coisas da bola”, melhor dizendo, da boleirice. Por vezes tão vazias de conteúdo e tão pouco pedagógicas para qualquer miúdo…ou graúdo. E digo da bola, porque me parece que o futebol, na sua pureza, como desporto e com as suas virtudes, está, nestes ambientes ditos desportivos, muito longe de o ser. Na verdade, o futebol, propriamente dito, é, ou deve ser, algo muito mais dignificante e interessante, sustentado em valores cívicos, morais e de desenvolvimento físico e educativo harmonioso, que potencie o crescimento integral de quem o prática e de quem nele se movimenta. Acontecendo nesta perspetiva trata-se de uma atividade que deve ser apoiada e desenvolvida, sobretudo em termos de formação séria e devidamente orientada. Todavia, a boleirice parece ser uma outra bem outra bem diferente, que até pode rimar com palermice, aldrabice….e outros adjetivos tão desprovidos do valor da honestidade, como da ética e da moral.
Mas a verdade é que os jornais, as rádios, as televisões, as revistas… não desarmam no seu encantamento com a bola. Massacram-nos como todo tipo de mediatização, decorrente da bola, valorizando, muitas vezes, tipos, que de homens e atletas GENUÌNOS pouco têm. Impinge valores que, de VOLORES nada têm, e exemplos que não devem ser exemplos para ninguém. A politica mercenária e do vil metal impera, pois, nestes ambientes, imoral e desaforadamente, sem controlo e longe dos princípios da justiça e equilíbrio social. Isto para não falar na injustiça salarial e FISCAL.
Seria, com efeito, interessante poder fazer-se uma reflexão séria, transversal e moral. O que não me parece fácil já que, da forma como é conduzido, parece ser disto que o povo gosta, que consome e aplaude, mesmo que a vida esteja má e se constate muita fraude. Neste contexto, também não menos lamentável, que haja políticos que se “vergam” a poderes da bola, alguns até comentadores de refinado despudor. Contudo, não podemos esquecer o caso de Rui Rio, ex-presidente da câmara municipal do Porto.
A sociedade não se educa e desenvolve desta forma mediatizada e protectora, fazendo do púlpito da bola uma tribuna de afirmação de muitos incompetentes e, em nalguns casos, desonestos eficientes, bem como de boleiros “deuses” encantados, pouco educados e honrados, mas encantadores de incautas gentes.

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3534

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