A opinião de ...

Maria “Mãe dos Escutas”

A devoção a Maria é um aspecto muito importante da vida espiritual quando limpa de exageros e excessos subjetivos, referia H. V. Balthasar [1]. Depurada do artificialismo devocional, fixar o olhar na Virgem Mãe, permite-nos contemplar nela a sua relação com Jesus Cristo e com a Igreja, numa perspetiva bíblica e existencial [2]. Assim é mais fácil sentir a Virgem Maria como mãe, “próxima de cada um de nós, que nos ama e, ouve a nossa voz” [3].
Carlos Alberto, ex Chefe Nacional, do Corpo Nacional de Escutas [CNE], vê com naturalidade este movimento ter assumido Maria como “Mãe dos Escutas”, talvez porque a maternidade de Maria esteja fortemente enraizada no povo e na Igreja em Portugal e, daí ser fácil ao CNE assimilá-la, refere.
Da história do CNE e, da sua relação com Maria salienta, este dirigente, o ineditismo do cântico “Ao Sameiro”, do Pe. Manuel Faria e de J. Alves, sobejamente conhecido ainda hoje e, usado na visita do Papa S. João Paulo II, a 15/05/1982, a esta basílica, melodia composta expressamente para o 18.º aniversário do CNE, de 22 de maio a 1 de junho de 1941 [4].
Em 1995, o Pe. Ângelo, o Pe. José Nuno e Paulo Sequeira, da Junta Regional do Porto, ao propor, no “Cantar a alma Escutista”, o cântico “Avé Maria, Mãe dos Escutas” referem: “cantar com Maria, no escutismo católico, reveste-se, pois de grande significado espiritual e litúrgico. Este cântico constitui, neste contexto, um elemento precioso para a celebração em que participam os escuteiros” [5].
Referindo-se à antiguidade da invocação da Virgem Maria, como “Mãe dos Escutas”, no CNE, Carlos Alberto salienta que desde sempre é esta mãe que protege e que orienta e, destaca a atualidade apontando o final da Nota Pastoral dos Bispos Portugueses, “CNE: Caminho de Esperança”, de 2012: «Nas mãos de Nossa Senhora, Mãe dos Escutas, entregamos essas altas aspirações, pedindo a bênção materna de Santa Maria para todos os lobitos, exploradores e moços, pioneiros e marinheiros, caminheiros e companheiros, e também para todos os Dirigentes. Maria, estrela-do-mar, brilhe sobre cada um de vós, e guie sempre o vosso caminho!» [6].
Em Bragança a iconógrafa Tânia Pires idealizou o ícone “Mãe dos Escutas” e, segundo a artista trata-se de uma “obra única no mundo dentro deste género artístico”. Não nascendo “ex nihilo”, pois existem outras tentativas, quer em desenho, quer em escultura, mas como ícone propriamente dito é o primeiro. O iconógrafo “serve os cânones estabelecidos pela Tradição da Igreja com os seus dons e técnicas” e não se afasta deles. Contudo, neste trabalho Tânia tendo em conta o público-alvo a que se destina, a influência da espiritualidade mariana neste grupo particular e, a nobreza da causa, fez algumas cedências.
A “Mãe dos Escutas” está exposta, com o ícone de Carlo Acutis, entre outros trabalhos da autora, no Museu Abade de Baçal de 14 de maio a 25 de setembro [7].

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3886

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