A opinião de ...

Falar é prata, calar é ouro…

zequiel nasceu no Portugal interior, longe do mar, numa aldeia enterrada em vale profundo, escondida de tudo e de todos, bem por detrás do Marão, no nordeste transmontano, nas fraldas da imponente Serra de Bornes.
A escola, naqueles tempos, funcionava na Casa do Povo, com a Regente, D. Ermelinda, a cargo de 4 turmas, todas as da Primária. Uma sala e catorze alunos, todos misturados, uns nos deveres, outros assimilando novos saberes. As verdadeiras contas, de pura e complicada aritmética, soma algébrica, bem ponderadas pela mestra, passava uns e retinha outros pois que, no ano seguinte, entre o deve e o haver, entre as novas crianças e as que saíam para o Primeiro Ciclo, nunca poderia baixar de doze, isso acontecendo perdia o emprego.
Ezequiel, oriundo de uma das mais desprotegidas famílias daquela aldeia esteve sete anos na primária, retido em cada grau, coartado à nascença, com elevador social avariado.
Nunca os pais atinaram com a telhice do miúdo, sempre de garfo em riste, em azáfama constante, batedelas ritmadas contra os indefesos copos sobre a mesa. Já de barba espigada, nos cumes dos montes, apastorando as ovelhas, era ouvi-lo, flautando acima dos ares, com os ventos amigos espalhando música de verdade, celestial, emergindo de alma sensível, ao encontro de todos os ouvidos da aldeia. Este Ezequiel, azarado no nascer, potencial artista, perdeu-se nos fumos dos tempos, não atingindo almejado patamar.
Sexta-Feira, 1 de Abril, Expresso da Meia-Noite. De um lado Mário David, Ex-Secretário de Estado dos Assuntos Europeus do Governo de Durão Barroso e actualmente influente e escutado especialista nos meandros do Parlamento Europeu. Do outro, advogado respeitado, Dr. Manuel Magalhães e Silva, ex-conselheiro jurídico do Presidente Jorge Sampaio. Os dois estiveram no olho do furacão.
Um disse, explicitamente, pelo auscultado em Bruxelas, Durão Barroso seria, querendo, pelo PP, Presidente da Comissão Europeia e que lho transmitiu.
O outro afirmou, preto no branco, que Durão Barroso se deslocou a Belém e transmitiu a Jorge Sampaio essa sua intenção e que este o incentivou a avançar pois que seria prestigiante não só para Durão como para Portugal. Mais disse que, mais tarde, o primeiro-ministro ouvindo comentar que o Presidente da República, nessa eventualidade, convocaria eleições antecipadas, voltou a Belém para desistir do pedido de demissão e que, mais uma vez, Jorge Sampaio o incentivou a avançar.
Marcelo não será Ermelinda nem Costa será Ezequiel. As sondagens informam que nas próximas eleições em Bruxelas o PP perderá a liderança e será o SD, socialista, a eleger o próximo Presidente, não do Conselho mas da Comissão Europeia, em 2026, e que este, é o lugar destinado a António Costa.
Marcelo é poço aberto, Costa é túmulo e, como diz o povo, Falar é prata, calar é ouro…

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