Mirandela

Cuidadores informais já podem ter apoio especializado

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2022-05-26 11:06

Estima-se que, em Portugal, existam mais de 800 mil pessoas que prestam cuidados informais a pessoas dependentes, em contexto domiciliar.

Para tentar ajudar a mitigar este problema, há muito identificado, o CASTIIS – Centro de Assistência Social à Terceira Idade e Infância de Sanguêdo – tem vindo a promover, em várias localidades do país, o Programa “Cuidar de Quem Cuida” para “capacitar as várias instituições da rede social local, para a implementação de respostas de apoio especializado junto de cuidadores informais”, refere o presidente daquela entidade.

“A ideia é formar pessoas para poderem ajudar os cuidadores, muitas vezes podendo substituí-las momentaneamente para as pessoas poderem fazer tarefas inadiáveis, como ir ao cabeleireiro ir ao médico, porque estão ali bloqueados ao serviço de um familiar e o objetivo é criar esta rede organizada que permita facilitar a vida aos cuidadores”, acrescenta Alberto Malta.

A presidente da câmara de Mirandela considera que este protocolo de cooperação, numa área tão sensível, “é de extrema importância” para o concelho. “Não estamos sozinhos, porque temos parcerias locais como por exemplo a associação Matiz, a associação Alzheimer e a associação Mentalmente, bem como outras entidades que no fundo já estão a cuidar que são mais valias na implementação deste projeto e obviamente que num concelho envelhecido em que temos de tratar dos que mais precisam também temos a obrigação de cuidar de quem cuida”, adianta Júlia Rodrigues.

A questão dos cuidados informais em Portugal entrou recentemente para a agenda política, mas o presidente do CASTIS lamenta que o Estado continue de costas voltadas para os cuidadores informais. “Não tem havido qualquer tipo de ajuda a estas pessoas, porque o Estado não tem meios hospitalares, nem áreas de apoio que permita cuidar destas pessoas, obrigando que os familiares venham para casa tratar dos familiares que necessitam de ajuda”, afirma Alberto Malta.

Para o líder do CASTIS, o Estado precisa de virar a página nesta matéria. “O que se tem visto é que mesmo com a aprovação do estatuto do cuidador informal, com um passo para trás e outro para a frente, ainda nem sequer regulamentaram um valor para atribuir às pessoas que estão em casa. Ou seja, foi dado o primeiro passo, mas é preciso dar os seguintes para melhorar a qualidade de vida da nossa população”, conclui. No “Cuidar de Quem Cuida”, o CASTIS tem como investidores sociais a Fundação Calouste Gulbenkian e a CUF, e como cofinanciadores o Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, o Portugal 2020 e o Fundo Social Europeu.

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